Ninguém diga "desta água não beberei": produção agropecuária e contaminação hídrica no Oeste Catarinense, Brasil
May no one say "I will never drink of this water": agricultural production and water pollution in western Santa Catarina State, Brazil
Que nadie diga "de esta agua no beberé": producción agropecuaria y contaminación hídrica en el oeste del estado de Santa Catarina, Brasil

Cad. Saúde Pública (Online); 38 (4), 2022
Publication year: 2022

Não se vive sem água. Seja para saciar a sede, seja para o fornecimento dos alimentos dos quais os seres humanos necessitam, ela sempre é imprescindível. A água é o elemento presente em tudo aquilo que precisamos para nos reproduzir. Nessa perspectiva, este artigo tem como objetivo traçar um panorama atual da produção e da utilização das águas nas áreas rurais da região Oeste Catarinense, Brasil, a partir da visão dos agricultores familiares e das lideranças de diferentes organizações e movimentos sociais do campo. Foram entrevistados 30 agricultores familiares de seis comunidades rurais de diferentes microrregiões do Oeste Catarinense, e 20 lideranças de organizações sociais da agricultura familiar da região. Destacam-se nos resultados: processo intenso de contaminação dos mananciais de água por agrotóxicos utilizados na agricultura; assoreamento de rios e córregos; recuperação da produção de água nas regiões de encostas; crescimento exponencial da utilização de água de poços artesianos no abastecimento das propriedades rurais; e modificações microclimáticas nos entornos dos lagos das hidroelétricas. Conclui-se que a preocupação com a disponibilidade de água, por parte dos agricultores, é histórica e cultural. Contudo são as demandas de mercado por produtos agropecuário e o interesse dos grupos ofertantes de agroquímicos que determinam o cuidado e a preservação. A sociedade tem, na cultura e na história da agricultura familiar regional, uma aliada, que tem de ser protegida do interesse dos grupos dominantes do agronegócio, para ser capaz de dar respostas positivas na preservação deste bem precioso, que é a água, e continuar ofertando alimentos mais saudáveis.
Humans cannot live without water. Whether to quench one's thirst or to supply the foods that humans need, water is always indispensable. Water is present in everything we need to reproduce. From this perspective, the article aims to outline the current state of production and use of water in rural areas in western Santa Catarina State, Brazil, from the perspective of family farmers and leaders of various rural organizations and social movements. We interviewed 30 family farmers from six communities in different micro regions of western Santa Catarina, as well as 20 leaders of social and family farming organizations in the region. The findings included the intense process of contamination of water sources with agricultural pesticides, silting of rivers and creeks, recovery of water production on hillside areas, exponential growth in the use of water from artesian wells to supply farm properties, and microclimatic changes around hydroelectric reservoirs. The study concludes that family farmers have a historical and cultural concern with the availability of water. Still, market demands for crop and livestock produce and the interests of companies that supply pesticides determine the degree of care for water and its preservation. The culture and history of family farming in this region is an ally for Brazilian society that must be protected from dominant agribusiness groups to provide positive responses for preserving water as a precious good and to continue to supply healthier foods.
No se vive sin agua. Bien sea para saciar la sed, bien sea para proporcionar los alimentos que los seres humanos necesitan, ella siempre es imprescindible. El agua es el elemento presente en todo aquello que necesitamos para reproducirnos. Desde esa perspectiva, este artículo tiene como objetivo trazar un panorama actual de la producción y de la utilización de las aguas en las áreas rurales de la región oeste del estado de Santa Catarina, Brasil, a partir de la visión de los agricultores familiares y de liderazgos de diferentes organizaciones y movimientos sociales del campo. Se entrevistaron a 30 agricultores familiares de seis comunidades rurales de diferentes microrregiones del oeste catarinense, y a 20 líderes de organizaciones sociales de agricultura familiar de la región.

Se destacan en los resultados:

proceso intenso de contaminación de los manantiales de agua por pesticidas utilizados en la agricultura; encenagamiento de ríos y arroyos; recuperación de la producción de agua en las regiones de laderas; crecimiento exponencial de la utilización de agua de pozos artesanos para el abastecimiento de las propiedades rurales; y modificaciones microclimáticas en los entornos de los lagos de las hidroeléctricas. Se concluye que la preocupación con la disponibilidad de agua, por parte de los agricultores, es histórica y cultural. No obstante, son las demandas de productos agropecuarios por parte del mercado y el interés de los grupos ofertantes de agroquímicos quienes determinan el cuidado y la preservación. La sociedad tiene en la cultura y en la historia de la agricultura familiar regional una aliada, que tiene que ser protegida del interés de los grupos dominantes del agronegocio, con el fin de sea capaz de dar respuestas positivas a la preservación de este bien precioso, que es el agua, y continuar ofertando alimentos más sanos.

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