Retratos do cotidiano em Manguinhos
Portraits of everyday activities at Manguinhos
Hist. ciênc. saúde-Manguinhos; 29 (1), 2022
Publication year: 2022
Resumo O texto aqui comentado reconstitui o cotidiano no Instituto Oswaldo Cruz no começo do século XX com base em depoimentos de antigos funcionários. "Os escravos são as mãos e os pés do senhor do engenho" - escreveu Antonil em 1711. Cada laboratório do instituto era como um pequeno engenho onde as mãos e os pés dos pesquisadores eram seus serventes, que executavam desde as tarefas mais desqualificadas até operações bem delicadas da pesquisa científica, atualmente confiadas a técnicos formados em escolas próprias. As habilidades dos primitivos técnicos, muitos recrutados ainda meninos nas oficinas da instituição, eram adquiridas empiricamente. O instituto era moderno por suas atividades, mas as relações de trabalho traziam as marcas de uma sociedade agrária e patriarcal, recém-egressa da escravidão.
Abstract This text reconstructs everyday routines at the Oswaldo Cruz Institute in the early twentieth century based on statements from staff at that time. As Antonil wrote in 1711, "Slaves are the hands and feet of the sugar-mill owner." The researchers' assistants fulfilled a similar role in the laboratories; their work ranged from unskilled tasks to extremely delicate scientific research that today requires specialized training. These early technicians, many recruited as boys in the institution's workshops, acquired their skills empirically. While the institute carried out modern activities, labor relations there still bore the marks of an agrarian and patriarchal society that had only recently abandoned slavery.