Relação entre o medo da COVID-19 e a sobrecarga física e mental de profissionais de saúde que realizam atendimento contínuo de pacientes durante a pandemia do novo coronavírus

Lacerda, João Pedro Rezende; Oliveira, Iandra de Freitas; Aguiar, Yuri Ferreira e Costa de; Cunha, Pedro Henrique Andrade; Locarno, Rodolfo Falco; Moraes, Lucas Augusto Lopes; Jesus, Luciana Angélica da Silva de; Lucinda, Leda Marília Fonseca

Introdução:

A pandemia da doença por coronavírus 19 (COVID-19) contribui para a exacerbação do estresse e sofrimento dos profissionais de saúde.

Objetivo:

Avaliar a relação entre o medo da COVID-19 e a sobrecarga física e mental dos profissionais de saúde em atendimento contínuo de pacientes durante a pandemia de COVID-19 em duas cidades da região do Campo das Vertentes no estado de Minas Gerais.

Material e Métodos:

Foi realizado um estudo descritivo transversal com 77 profissionais de saúde (32 (14) anos; 67,5% do gênero feminino) que estavam em atendimento contínuo durante a pandemia de COVID-19. Dados sociodemográficos e profissionais foram coletados e o medo foi avaliado pela Escala de Medo da COVID-19 (EMC-19), sintomas depressivos pelo Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9) e síndrome de Burnout pelo Maslach Burnout Inventory – Human Services Survey (MBI-HSS).

Resultados:

O escore total da EMC-19 se correlacionou com a carga horária de trabalho semanal (ρ= 0,395; p<0,001), o PHQ-9 (ρ= 0,332; p= 0,003) e as dimensões exaustão emocional (ρ= 0,253; p= 0,026), despersonalização (ρ= 0,243; p= 0,033) e baixa realização pessoal (ρ= -0,389; p<0,001) do MBI-HSS. No modelo de regressão linear ajustado para potenciais fatores confundidores, a EMC-19 continuou significativamente associada com a baixa realização pessoal apresentando coeficiente de determinação ajustado de 0,372 (p<0,001).

Conclusão:

O medo da COVID-19 nos profissionais de saúde em atendimento contínuo de pacientes durante a pandemia de COVID-19 nas duas cidades da região do Campo das Vertentes no estado de Minas Gerais se relacionou com sintomas depressivos e as características da síndrome de Burnout de exaustão emocional, despersonalização e baixa realização pessoal.

Introduction:

The coronavirus disease 19 (COVID-19) pandemic contributes to the exacerbation of stress and suffering of health professionals.

Objective:

To evaluate the relationship between fear of COVID-19 and physical and mental burden of health professionals in the continuous care of patients during COVID-19 pandemic in two cities in the Campo das Vertentes region in the state of Minas Gerais.

Material and Methods:

A descriptive cross-sectional study was carried out with 77 health professionals (32 (14) years; 67.5% female) who were in continuous care during COVID-19 pandemic. Sociodemographic and professional data were collected and the fear of COVID-19 was taken from the Fear of COVID-19 Scale (FCV-19S), depressive symptoms by the Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9) and Burnout syndrome by the Maslach Burnout Inventory – Human Services Research (MBI-HSS).

Results:

The total score of FCV-19S correlated with the weekly workload (ρ= 0.395; p<0.001), the PHQ-9 (ρ= 0.332; p= 0.003) and the emotional exhaustion (ρ= 0.253; p= 0.026), depersonalization (ρ= 0.243; p= 0.033) and low sense of personal accomplishment (ρ= -0.389; p<0.001) dimensions of the MBI-HSS. In the linear regression model adjusted for potential confounders, the FCV-19S continued significantly associated with low sense of personal accomplishment and presented adjusted coefficient of determination of 0.372 (p<0.001).

Conclusion:

The fear of COVID-19 of health professionals in the continuous care of patients during COVID-19 pandemic in two cities in the Campo das Vertentes region in the state of Minas Gerais was related to depressive symptoms and as characteristics of the Burnout syndrome of emotional exhaustion, depersonalization and with low sense of personal accomplishment.