Acretismo placentário e suas complicações
Placental accretism and its complications
Femina; 50 (4), 2022
Publication year: 2022
Acretismo é um termo genérico que significa uma invasão trofoblástica anormal da
placenta em parte ou, mais raramente, na totalidade do miométrio, podendo inclusive
chegar à serosa. Esse evento ocorre mais comumente em uma região de cicatriz
uterina prévia, onde há um defeito na decidualização. A principal consequência
disso é a necessidade frequente de histerectomia puerperal, acarretando grande
morbidade materna. Este artigo apresenta o caso de uma gestante com placenta
percreta, com acometimento vesical e de colo uterino que necessitou de histerectomia
total. Além disso, no pós-operatório, apresentou fístula vesicoabdominal. O
objetivo deste artigo é demonstrar as complicações do acretismo placentário e as
maneiras de tentar reduzi-lo. O aumento nas proporções de nascimentos via parto
cesariana, sem que haja evidências claras de que isso interfira na queda da mortalidade
e/ou morbidade materna e neonatal, sugere que estejam sendo indicadas
muito mais cesarianas que o necessário. Para redução nas taxas de cesariana e,
consequentemente, das complicações dela, como nos casos de acretismo, é necessário
repensar a cultura do cuidado da prática clínica em obstetrícia.(AU)
Accretism is a generic term that means an abnormal trophoblastic invasion of the
placenta in part or, more rarely, in the entire myometrium, which may even reach
the serosa. This event most commonly occurs in a region of previous uterine scar,
where there is a decidualization defect. The main consequence of this is the frequent
need for puerperal hysterectomy, causing great maternal morbidity. This article
presents the case of a pregnant woman with placenta percreta, with bladder
and uterine cervix involvement, who required hysterectomy. In addition, postoperatively,
presented a vesico-abdominal fistula. The purpose of this article is to demonstrate
the complications of placental accretism and ways to try it. The increase
in the proportion of births via cesarean delivery, without clear evidences that this
interferes with the decrease in maternal and neonatal mortality and/or morbidity,
suggests that much more cesarean sections are being indicated than necessary.
To reduce cesarean rates and consequently, its complications, as in cases of accretism,
it is necessary to rethink the culture of care in clinical practice in obstetrics.(AU)