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Arq. Asma, Alerg. Imunol; 2 (3), 2018
Publication year: 2018
Nas últimas décadas, consensos e diretrizes vêm orientando padronizações terapêuticas que, mesmo baseadas em evidências, partem do princípio de que o mesmo medicamento é bom para todos que têm a mesma doença. Essa conduta vai de encontro aos conhecimentos atuais sobre os mecanismos envolvidos na patogenia da maior parte das disfunções clínicas. Doenças são produto da conjunção de fatores genéticos, ambientais e comportamentais. Polimorfismos genéticos, microbioma, exposições ambientais e agentes etiológicos se conjugam, determinando processos etiopatogênicos complexos que fundamentam a expressão clínica. Propor padronizações terapêuticas que não levem em consideração as diferenças potenciais que tornam única cada pessoa doente, atenta contra o bom senso. Hoje se reconhece a necessidade de uma abordagem personalizada, que considere a premissa de que, em cada indivíduo, a doença pode ter diferentes alvos terapêuticos, e que cada pessoa pode responder diferentemente à mesma abordagem terapêutica. Nessa nova perspectiva, biomarcadores capazes de identificar o mecanismo patogênico responsável pela disfunção em cada indivíduo e o alvo terapêutico são instrumentos fundamentais. A identificação desses biomarcadores é uma etapa importante na transição do modelo atual da prática médica para a medicina de precisão, na qual a abordagem preventiva e terapêutica levará em consideração a variabilidade genética, o ambiente e o estilo de vida de cada pessoa. Possivelmente, essa nova prática médica permitirá aumentar as taxas de sucesso terapêutico na asma e na doença pulmonar obstrutiva crônica, problemas respiratórios crônicos de prevalência elevada com uma gama ampla e variada de apresentações clínicas e respostas às terapias atuais.
In recent decades, consensuses and guidelines have guided therapeutic standards which, though based on evidence, assume that the same drug is good for everyone who has the same disease. This behavior is inconsistent with current knowledge on the mechanisms involved in the pathogenesis of most clinical disorders. Diseases are the product of the conjunction of genetic, environmental and behavioral factors. Genetic polymorphisms, microbiome, environmental exposures and etiological agents combine to determine complex etiopathogenic processes that support clinical expression. Proposing standardized therapies disregarding the potential differences that make each diseased person unique threatens common sense. Today, we recognize the need for a personalized approach considering the premise that in each individual the disease may have different therapeutic targets and that each person may respond differently to the same therapeutic approach. In this new perspective, biomarkers capable of identifying the pathogenic mechanism responsible for the dysfunction in each individual and the therapeutic target are fundamental instruments. Identification of these biomarkers is an important step for a transition from the current model of medical practice to precision medicine, in which preventive and therapeutic approach will take into account genetic variability, environment and the lifestyle of each person. This new medical approach may potentially increase therapeutic success rates in asthma and chronic obstructive pulmonary disease, both highly prevalent chronic respiratory problems with a wide range of clinical presentations and responses to current therapies.