O cuidado da população LGBT na perspectiva de profissionais da Atenção Primária à Saúde
The care of the LGBT population from the perspective of Primary Health Care professionals
Physis (Rio J.); 32 (2), 2022
Publication year: 2022
Resumo As pessoas LGBT se deparam com dificuldades e barreiras que prejudicam o acesso aos serviços de saúde. A falta de preparo e de sensibilidade dos profissionais, nesse contexto, são alguns dos elementos que reiteram as iniquidades em saúde e a vulnerabilidade desses corpos. Para conhecer esse fenômeno, entrevistamos 15 trabalhadores da Atenção Primária à Saúde e analisamos suas falas seguindo a perspectiva da análise do discurso foucaultiana. Os resultados evidenciaram que, apesar de os profissionais conhecerem a temática, eles usam estratégias discursivas que velam seus preconceitos e resistências, dificultando o reconhecimento das possibilidades de agência na transformação dessa realidade. A mobilização de categorias relativas às identidades e aos direitos sexuais em seus discursos indica deslocamentos no regime de sexualidade contemporâneo que devem ser considerados em intervenções de educação em saúde. A implicação de cada um na materialização das diferenças que marcam o campo sexual se demonstrou, nesse sentido, fundamental para discussão de formas de cuidado que sejam verdadeiramente acolhedoras e que não reforcem as desigualdades dos corpos que desafiam o binarismo e a heteronormatividade social.
Abstract The LGBT people face difficulties and barriers that hinder their access to health services. The lack of preparation and sensitivity of the professionals, in this context, are some of the elements that reiterate the health inequities and the vulnerability of these bodies. In order to understand this phenomenon, we interviewed 15 Primary Health Care workers and analyzed their speeches following the Foucauldian discourse analysis perspective. The results showed that although the professionals know the theme, they use discursive strategies, which veil their prejudices and resistance, making it difficult to recognize the possibilities of the agency in the transformation of this reality. The mobilization of categories related to sexual identities and rights in their discourses indicates displacements in the contemporary sexuality regime that should be considered in health education interventions. The implication of each one in the materialization of the differences that mark the sexual field proved to be, in this sense, fundamental to the discussion of care forms that are truly welcoming and do not reinforce the inequalities of bodies that challenge binarism and social heteronormativity.