Angioedema hereditário inaugural na idade pediátrica
Hereditary angioedema in a child with no family history of disease

Arq. Asma, Alerg. Imunol; 5 (2), 2021
Publication year: 2021

O angioedema hereditário por défice de C1-inibidor é uma doença rara autossômica dominante com uma prevalência estimada em 1:50.000. Habitualmente a história familiar aponta para este diagnóstico. No entanto, a apresentação atípica com história familiar negativa pode atrasar o diagnóstico de meses a anos. Os autores apresentam o caso de uma criança de 6 anos sem antecedentes pessoais ou familiares relevantes que recorreu ao Serviço de Urgência pediátrico por edema, calor e rubor do cotovelo, joelho e maléolos direitos com 12h de evolução, sem fatores associados.

Ao exame objetivo:

edema do cotovelo, joelho e maléolos direitos, exantema não pruriginoso maleolar homolateral com discreto desconforto à palpação. Sem elevação dos parâmetros infeciosos ou inflamatórios. Foi iniciada corticoterapia sistêmica, com melhoria lenta do quadro. Teve alta, referenciada à consulta de Imunoalergologia. Na anamnese foram apurados quatro episódios de edema periarticular nos doze meses prévios. A avaliação analítica da criança revelou C1 inibidor 62 mg/dL, C1 inibidor funcional 29%, confirmada em duas determinações, e a dos pais e dos dois irmãos foi normal. No estudo genético não foram identificadas mutações nos genes SERPING. O angioedema hereditário por défice de função do C1-inibidor - tipo II - representa 15 a 20% dos casos. Embora a história familiar seja o maior sinal de alerta para o diagnóstico desta patologia, em 20-25% dos casos ocorre mutação espontânea. Nestes casos um elevado grau de suspeição é necessário e um atraso no diagnóstico pode levar a consequências graves. As opções terapêuticas em crianças menores de 12 anos são ainda limitadas.
Hereditary angioedema with C1-inhibitor deficiency is a rare autosomal dominant disease with an estimated prevalence of 1:50 000. Usually, family history points to this diagnosis. However, atypical presentation with negative family history may delay diagnosis in months to years. The authors describe the case of a 6-year-old girl with apparently no significant family or past medical history, presenting to the emergency department for edema, warmth, and redness of the right elbow, knee, and ankle, which started 12 hours earlier, without associated factors. On physical examination, edema of the right elbow, knee, and ankle, and nonpruritic rash on the right ankle with a slight discomfort on palpation were found. Laboratory infection or inflammation markers were not elevated. Systemic corticosteroids were started, with slow improvement. She was discharged and referred to an immunoallergology outpatient clinic. On medical history taking, four episodes of periarticular edema in the past 12 months were identified. Laboratory evaluation revealed C1-inhibitor at 62 mg/dL and functional C1-inhibitor at 29%, confirmed in two samples; the parents and two siblings were normal. On genetic testing, there were no mutations on the SERPING genes. Hereditary angioedema with C1-inhibitor deficiency – ie, type II – accounts for 15 to 20% of cases. Even though family history is the major indicator for diagnosis of this condition, a de novo mutation occurs in 20 to 25% of cases. In these cases, a high suspicion is necessary, and a delayed diagnosis could have severe implications. Therapeutic options in children under the age of 12 are limited.

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