“À espera da boa vontade”: o racismo e o lugar do sujeito no sistema público de saúde brasileiro
“Esperando la buena voluntad”: el racismo y el lugar del sujeto en el sistema de salud pública brasileño
“Waiting for goodwill”: racism and the subject’s place in the Brazilian public health system

Summa psicol. UST; 19 (1), 2022
Publication year: 2022

Este artigo toma como perspectiva o olhar da(o) psicóloga(o) que atende e realiza pesquisas em serviços públicos de saúde brasileiros. Por meio de entrevistas individuais abertas com onze adultos que tiveram tumor de Sistema Nervoso Central na infância, objetiva discutir como as situações de racismo reverberam na clínica psicológica, impactam a escuta da(o) profissional e exigem que ela(e) se posicione na interface clínico-política na instituição a qual atua. Como resultado, traz algumas falas coletadas nas entrevistas que exemplificam questões discriminatórias e discute a partir de conceituações da psicanálise freudiana, com articulações de autores da filosofia. Reflete sobre intervenções da(o) psicóloga(o) de modo a recusar a perpetuação do racismo na condução dos casos atendidos e defende que essa não é função exclusiva dela(e). O papel social da(o) profissional de saúde precisa ser debatido na formação acadêmica para que todas(os) possam se implicar com o rompimento das narrativas e das ações discriminatórias.
Este artículo toma la perspectiva del psicólogo/a que asiste y realiza investigaciones en los servicios de salud pública brasileños. A través de entrevistas individuales abiertas con once adultos que tuvieron un tumor del sistema nervioso central en la infancia, se pretende discutir cómo las situaciones de racismo repercuten en la clínica psicológica, impactan la escucha del profesional y exigen que se posicione en la interfaz clínico-política de la institución en la que opera. Como resultado, se presentan algunos discursos recogidos en las entrevistas que ejemplifican temas discriminatorios y se argumentan desde las conceptualizaciones del psicoanálisis freudiano, articulando con aportes de autor/es desde la filosofía. Se reflexiona sobre las intervenciones del psicólogo para rechazar la perpetuación del racismo en el manejo de los casos tratados y se defiende que esa no es su función exclusiva. El rol social del profesional de la salud necesita ser discutido en la formación académica para que todos puedan involucrarse en la ruptura de narrativas y acciones discriminatorias.
This article adopts the psychologist’s perspective who attends and conducts research in Brazilian public health services. Through indepth interviews with eleven adults who suffered from a tumour of the Central Nervous System during childhood, the aim is to discuss how racism situations reverberate in the psychological clinic, impact the listening of the professional and demand self-positioning in the clinicalpolitical interface of the institution where the professional works. Some narratives from the interviews are used as examples of discrimination, which are discussed based on Freud’s psychoanalysis concepts, with the support of philosophy authors. The psychologists’ intervention is reflected upon to refuse the perpetuation of racism in treating the cases and supports the idea that this is not their exclusive function. The social role of healthcare professionals must be discussed in academic training so that everyone can be involved in disrupting discriminatory narratives and actions.

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