Terapia ocupacional social: contribuições epistemológicas para um giro decolonial
Social occupational therapy: epistemological contributions to a decolonial turn

Saúde Soc; 31 (3), 2022
Publication year: 2022

Resumo Este ensaio tem como objetivo trazer reflexões acerca das contribuições da terapia ocupacional social com base nos estudos decoloniais latino-americanos, a fim de realizar um giro decolonial na área. O texto toma como hipótese que os debates e os referenciais teóricos e metodológicos constituídos por esse subcampo foram - e são - importantes para um movimento de desobediência epistêmica. Entende-se que a terapia ocupacional social se desenvolve como uma proposta contra-hegemônica dentro de um contexto profissional centralmente pautado em perspectivas anglo-saxônicas, que universalizam a experiência euro-norte-americana fincada em relações hierárquicas de colonialidade. Alguns elementos que evidenciam esse fato dizem respeito a uma práxis terapêutico-ocupacional social pautada nas compreensões dialéticas sobre indivíduo-coletivo e cotidiano-estrutura social. Assim, desenvolvemos esses elementos de maneira mais detalhada nos tópicos: (1) a questão social e o compromisso ético-político: articulador social para decolonizar; (2) descentrando referenciais: conhecimentos outros para decolonizar; (3) entre o macro e microssocial: articulação entre dimensão sócio-histórica e cultural, vida cotidiana e atividade para decolonizar; e (4) ação individual-coletiva e territorial-comunitária: superação de práticas individualizadas e individualizantes para decolonizar. Cabe destacar que a terapia ocupacional social ainda necessita de avanços nessa discussão para ser capaz de adensar esse debate dentro de sua complexidade histórica e contemporânea.
Abstract This essay reflects on the contributions brought about by social occupational therapy based on Latin American decolonial studies for the decolonial turn in the field, arguing that the debates and theoretical and methodological references carried out by this subfield were and are important for an epistemic disobedience. Social occupational therapy establishes itself as a counter-hegemonic proposal within a professional context centered on Anglo-Saxon perspectives, which universalizes the Euro-North American experience based on hierarchical relations of coloniality. Some of its elements refer to a social occupational-therapeutic praxis based on dialectical understandings of individual-collective and everyday life-social structure. Hence, the paper details these elements in the topics: (1) the social question and the ethical-political commitment: social articulator to decolonize; (2) decentering references: other knowledge to decolonize; (3) between the macro and microsocial: articulation between the socio-historical and cultural dimension, daily life and activity to decolonize; and (4) individual-collective and territorial-community action: overcoming individualized and individualizing practices to decolonize. Social occupational therapy still needs to further this discussions to deepen the debate within its historical and contemporary complexity.

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