Epistemologia complexa e autismo: novos horizontes
Arq. bras. psicol. (Rio J. 2022); 74 (), 2022
Publication year: 2022
Trata-se de uma abordagem paradigmática baseada na complexidade
dos indivíduos diagnosticados com Transtornos do Espectro Autista
(TEA). Ao não separar a cognição da ontogênese dos sujeitos, este
projeto de pesquisa assume uma posição complexa, rompendo
com posições comportamentais hegemônicas que não atendem às
condições biológicas autopoiéticas (autoprodução) dos seres humanos,
ignorando também o potencial neuroplasticidade deles ao lidar
com os sujeitos autistas com repetições, reforços e outras atitudes
mecânicas. A partir da explicação dessa epistemologia, parte-se para
a explicitação do arcabouço teórico que sustenta a pesquisa, cujo eixo
gira em torno da aprendizagem como experiência pessoal, acoplada
à realidade e não à adaptação. Os seres vivos em seu funcionamento
mudam continuamente sua estrutura, que é plástica e conservam sua
organização, que é autopoiética. Como instrumento de acoplamento,
é utilizado um dispositivo de tecnologia touch, o iPad, que garante ao
usuário um tipo de interação muito ativo, desencadeando ao mesmo
tempo emoções/cognição, bem como o sistema háptico envolvido
(toque). Isso pode desencadear mecanismos neurofisiológicos que
ajudam as crianças diagnosticadas como autistas a encontrar outras
vias neurais que não as comprometidas pela patologia em questão.
O artigo apresenta no final breves ilustrações do processo empírico
e as transformações desencadeadas nesses sujeito’s ao longo do
desenvolvimento do projeto. De acordo com a metodologia complexa,
os pesquisadores do projeto atuam como parte do sistema observado,
dando conta de suas próprias operações com seus sistemas autônomos.
Palavras-chave: Educação especial; autopoiesis; autismo; complexidade; neuroplasticidade