Intensificação laboral e gênero profissional de professoras da educação infantil
Intensification of labor and professional gender of female teachers of early childhood education
Cad. psicol. soc. trab; 26 (), 2023
Publication year: 2023
As reformas neoliberais levaram à intensificação do trabalho, dada a exigência de maiores e melhores resultados em contextos laborais cujas condições eram insuficientes para realizá-lo. Este artigo visa compreender, a partir do referencial teórico da Clínica da Atividade, a relação entre intensificação do trabalho docente e gênero profissional. Trata-se de um estudo de caso derivado de uma intervenção com seis professoras da Educação Infantil que utilizou o método de instrução ao sósia. Os registros de áudio produzidos ao longo das instruções ao sósia foram transcritos e submetidos à análise construtivo-interpretativa. O número de alunos por sala, fator inerente à organização do trabalho, mostrou-se promotor dessa intensificação, uma vez que exigia mais dos profissionais, sem a contrapartida necessária das condições de trabalho. Nesse cenário, ocorreu a construção coletiva do que era chamado de “domínio de sala”, norma de proceder não oficializada relativa às habilidades necessárias à atuação docente para lidar com a intensificação laboral. Desenvolveu-se, assim, uma cultura profissional que orientou a ação das docentes, de modo a viabilizar a atividade e preservar o poder de agir
Neoliberal reforms have led to the intensification of work, given the demand for greater and better results in labor contexts whose conditions were insufficient to realize it. This article aims to understand based on the theoretical framework of the Clinic of Activity the relationship between intensification of the teaching work and professional genre. This is a case study derived from an intervention with six children’s education teachers that used the method of instruction to the look-alike. The audio recordings produced during the instruction to the look-alike were transcribed and submitted to constructive-interpretative analysis. The number of students per classroom, a factor inherent to the work organization, proved to be a promoter of this intensification, since it demanded more from professionals, without the necessary counterpart of working conditions. In this scenario there was a collective construction of what was called “classroom mastery,” an unofficial rule of thumb related to the necessary skills for teaching to deal with work intensification. Thus, a professional culture was developed that guided the teachers’ action to make the activity viable and preserve the power to act