Patologização e invisibilidade: reconhecimento das demandas e acolhimento da população LGBT na atenção básica
Pathologization and invisibility: the acknowledgement of demands and welcoming of the LGBT population in primary health care
Patologización e invisibilidad: reconocimiento de las demandas y acogida de la populación LGBT en atención primaria

Tempus (Brasília); 14 (2), 2020
Publication year: 2020

O presente artigo teve como objetivo analisar a percepção de profissionais da atenção básica sobre o reconhecimento de demandas e o acolhimento dado à população LGBT, buscando investigar a influência da Scientia Sexualis, tal como descrita por Foucault, na construção e manutenção de estigmas dirigidos a essa população. A pesquisa envolveu 32 unidades de saúde da família nas regiões Centro-Oeste e Nordeste do país, onde foram entrevistados 21 médicos(as), 22 enfermeiros(as) e 11 ACS. A análise de discursos foi feita pelo método de Pechêux. Concluiu-se que o estigma presente no senso comum da sociedade é potencializado e racionalizado pela Scientia Sexualis contemporânea, a partir de suas classificações psiquiátricas e de suas análises estatísticas dirigidas à compreensão de grupos de risco. Esse processo produz uma generalização estereotipada que, por sua vez, produz uma compreensão das demandas de saúde da população LGBT como restritas às IST/AIDS e atribui a seus membros comportamentos moralmente condenáveis, tais como abuso de drogas e promiscuidade sexual. Além disso, foi patente o desconhecimento da noção de equidade, o que provoca um discurso vazio e inoperante de afirmação da igualdade e universalidade, ao mesmo tempo em que se nega a necessidade de ações específicas para a população LGBT. (AU)
The present paper aimed to analyze the perception of professionals from primary health care units on the demands of the LGBT population, seeking to investigate the influence of Scientia Sexualis, as described by Foucault, on the construction and maintenance of the stigma attributed to this population.The research involved 32 family health units in the Midwest and Northeast regions of Brazil, where 21 physicians, 22 nurses and 11 community health agents were interviewed. The discourse analysis was done by using Pechêux’s method.It was concluded that the stigma present in the common sense of society is enhanced and rationalized by contemporary Scientia Sexualis, based on its psychiatric classifications and its statistical analyzes aimed at understanding risk groups.This process produces a stereotyped generalization which then produces an understanding of the health demands of the LGBT population as restricted to STI/AIDS, and attributes morally reprehensible behaviors to its members, such as drug abuse and sexual promiscuity. Moreover, the lack of knowledge regarding the concept of equity stood out, a lack which provokes an empty and inoperative discourse of the affirmation of equality and universality that, at the same time, denies the need for specific actions for the LGBT population. (AU)
El presente artículo ha analizado la percepción de los profesionales de unidades de atención primaria sobre las demandas de la población LGBT, buscando investigar la influencia de la Scientia Sexualis, según lo descrito por Foucault, en la construcción y mantenimiento de los estigmas atribuidos a esta población. La investigación involucró a 32 unidades de salud familiar en las regiones del Centro-Oeste y Nordeste de Brasil. Se entrevistó a 21 médicos, 22 enfermeras y 11 agentes comunitarios de salud. El análisis del discurso se realizó utilizando el método de Pechêux. Se concluyó que el estigma se ve reforzado y racionalizado por una Scientia Sexualis contemporánea, con sus clasificaciones psiquiátricas y análisis estadísticos destinados a la comprensión de los grupos de riesgo. Este proceso produce una generalización estereotipada de las demandas de salud de la población LGBT como si fueren restringidas a las ITS/SIDA y atribuí a sus miembros otras conductas moralmente reprensibles, tales como el abuso de drogas y la promiscuidad sexual. Además, se ha ignorado la noción de equidad, lo que provoca un discurso vacío e inoperante de afirmación de igualdad y universalidad, lo cual, al mismo tiempo, niega la necesidad de acciones específicas para la población LGBT. (AU)

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