Sofrimento Psicossocial e Sexualidade em Tempos de Covid-19 e de Ataque aos Direitos Humanos
Psychosocial Suffering and Sexuality in the Context of Covid-19 and Attacks on Human Rights
Sufrimiento Psicosocial y Sexualidad en Tiempos de Covid-19 y Ataque a los Derechos Humanos
Estud. pesqui. psicol. (Impr.); v. 22 (n. 4), 2022
Publication year: 2022
Fragmentos da "vida-pandemia" colhidos em projetos de prevenção em territórios periféricos e escolares de São Paulo introduzem este texto. O impacto da perda de pessoas próximas para a Covid-19, a disseminação de informações falsas sobre a prevenção e cuidado e a desorganização do cotidiano atravessado pela pandemia emergem nas experiências de interação com jovens. A desigualdade e o desemprego cresciam antes da pandemia, assim como o número de eventos de saúde mental. Sustentando a integralidade na prevenção coproduzida com os jovens, acompanhamos a resposta sociocomunitária à sindemia em um contexto que expressa o impacto da década de ataques à educação sexual e das escolas online. A sexualidade, tema que originou os diferentes projetos de prevenção, foi difícil de abordar. Diferente da resposta à aids, identidades comunitárias-territoriais foram mobilizadas para produzir "inéditos viáveis" para essa emergência social e sanitária, mobilizando "resistência" à violação, à negligência governamental aos direitos humanos. Neste cenário, soma-se o ataque global aos DH que interpela sua universalidade e indivisibilidade e usa a sexualidade como bandeira para reinterpretar o sentido emancipador de solidariedade na diferença. A noção de sofrimento psicossocial permite lidar com o excesso de individualização e medicalização das experiências de sofrimentos estruturados por este contexto duradouro.'
Fragments of a "pandemic life" collected in prevention projects in outer city and school peripherical territories in São Paulo introduces this article. The impact of the loss of close people to COVID-19, the spread of false information about prevention and care, and the disorganization of daily life emerged from our sustained interaction with young people. Inequality and unemployment were growing before the pandemic, as was the number of mental health events. By co-producing and promoting integrality in prevention with young people, we have followed the social and community response to the syndemic in the context of online schools and school life under the impact of a decade of attacks on sex education. Sexuality, the theme that gave rise to most prevention projects, was challenging to address. Differently from the AIDS responses, community-territorial identities mobilized "untested feasibilities" for this social and health emergency by associating "resistance" to governmental negligence, violation, and the attack on human rights. Globally, this attack questions human rights universality and indivisibility, using sexuality to reinterpret its emancipatory sense of solidarity in difference. The notion of "psychosocial suffering" allows to deal with the excess of individualization and medicalization of suffering experiences structured by inequalities in this long-lasting context.
Fragmentos de "vida pandémica" recogidos en proyectos de prevención atravesados por la pandemia en territorios periféricos y escolares de São Paulo introducen este texto. El impacto de la muerte por Covid-19, la difusión de información falsa y la desorganización de la vida cotidiana emergen en las experiencias de interacción con los jóvenes. La desigualdad y el desempleo crecían antes de la pandemia, al igual que los eventos de salud mental. Apoyando la prevención integral coproducida con jóvenes, acompañamos la respuesta socio-comunitaria a la sindemia. La sexualidad, el tema que origino los proyectos de prevención, fue difícil de abordar con las escuelas en línea y en el contexto que expresa el efecto de la década de ataques a la educación sexual. A diferencia de la respuesta al sida, identidades comunitario-territoriales se movilizaron para producir inéditos viables para esta emergencia social y sanitaria, asociando "resistencia" a la negligencia, violación gubernamental de los derechos humanos. Globalmente, el ataque a los DH cuestiona su universalidad e indivisibilidad utilizando la sexualidad como bandera para reinterpretar el sentido emancipador de la solidaridad en la diferencia. La noción de sufrimiento psicosocial permite lidiar con el exceso de individualización y medicalización de experiencias de sufrimiento estructurado por desigualdades.