Corpos em Disputa: Experiências de Travestis e Mulheres Trans no Acesso aos Banheiros Públicos
Disputing bodies: Experiences of Transvestites and Trans Women in Accessing Public Restrooms
Cuerpos en Disputa: Experiencias de Travestis y Mujeres Trans en el Acceso a Baños públicos
Estud. pesqui. psicol. (Impr.); v. 22 (n. 4), 2022
Publication year: 2022
Trata-se de um estudo qualitativo e exploratório que objetiva refletir sobre experiências de travestis e mulheres trans na utilização de banheiros públicos. Utilizamo-nos dos pressupostos da pesquisa documental para a produção de dados. Para tal, consideramos o conteúdo, comentários e curtidas do vídeo intitulado "Uma mulher trans deve frequentar o banheiro feminino?", disponível na plataforma Facebook. Tomamos como lente orientadora de todo o processo interpretativo a análise do discurso.
Evidenciamos alguns pontos centrais para debate:
a estruturação de um sistema de classificação social que posiciona travestis e mulheres trans em categorias de periculosidade; a relação profícua estabelecida entre os sistemas de categorização e classificação social e as categorias de gênero e sexualidade enquanto organizadores da vida cotidiana e dos espaços sociais; a manutenção dos discursos que asseguram a lógica dicotômica binária e, consequentemente, a patologização das experiências de travestilidade e transexualidade; e a articulação política como estratégia que assegura, nos processos de espacialização, a superação de dinâmicas que naturalizam violências legitimadoras de interdições e segregações. Por fim, observamos como ponto de convergência de todas as análises realizadas as estratégias de manutenção da vida de travestis e mulheres trans, através da desestabilização de sistemas de opressão.
This is a qualitative and exploratory study that aims to reflect about the experiences of transvestites, transsexuals and transgender people when using public bathrooms. We used the assumptions of documental research as a way of data production. To this end, we considered the content, comments and likes of the video entitled "Uma mulher trans deve frequentar o banheiro feminino?", available on the Facebook platform. We took the discourse analysis as a guiding lens of the entire interpretive process.
We pointed some central points for the debate:
the structuring of a social classification system which places transvestites and trans women in dangerous categories; the fruitful relation established between the social categorization and classification systems and the gender and sexuality categories as organizers of the everyday life and the social spaces; the maintenance of discourses that ensure the binary dichotomous logic and, consequently, the pathologization of experiences of travestility and transsexuality; and the political articulation as a strategy which ensures, in spatialization processes, the overcoming of dynamics which naturalize violence that legitimizes interdictions and segregations. Finally, we observe as a point of convergence of all the analysis carried out the strategies for maintaining the life of transvestites and trans women people, through the destabilization of systems of oppression.
Este es un estudio cualitativo y exploratorio que tiene como objetivo reflexionar sobre las experiencias de travestis, transexuales y personas transgénero en el uso de baños públicos. Usamos los supuestos de la Investigación Documental para producir datos. Para ello, se consideró el contenido, comentarios y me gustas del video "Uma mulher trans deve frequentar o banheiro feminino?", de Facebook. El Análisis del Discurso fue una guía para el proceso interpretativo. Evidenciamos en el análisis que estas discusiones permean algunos debates centrales, tales como: El sistema de clasificación social, posicionando a travestis y mujeres trans en categorías peligrosas; Se establece una fructífera relación entre los sistemas de categorización y clasificación social vinculados a las cuestiones de género y sexualidad como organizadores de la vida cotidiana y de los espacios sociales; Mantenimiento de discursos que aseguren la lógica binaria y, en consecuencia, patologización de las experiencias de travestilidad y transexualidad; y la articulación política como estrategias que asegura los procesos de espacialidad, dinámicas de naturalización de las violencias que legitiman interdicciones y segregaciones. Se observó como punto de convergencia entre estos análisis realizados las estrategias de mantenimiento de la vida de travestis y mujeres trans, a través de la desestabilización de los sistemas de opresión.