FEMINA; 51 (1), 2023
Publication year: 2023
Objetivo:
Discutir o uso dos progestagênios em mulheres com perda gestacional de
repetição (PGR) sem causa aparente, abordando tipos de progestagênios e resultados
de ensaios clínicos, revisões sistemáticas e metanálises. Métodos:
Trata-se de
uma revisão não sistemática de artigos publicados nas bases eletrônicas PubMed,
Cochrane e SciELO nos últimos cinco anos, utilizando-se os seguintes descritores:
“progesterone”, “dydrogesterone”, “recurrent pregnancy loss” e “recurrent abortion”.
Resultados:
Duas grandes metanálises encontraram uma redução da taxa de abortamento
e aumento da taxa de nascidos vivos com o uso do progestágeno sintético
em pacientes com PGR inexplicada, porém essa conclusão foi contestada em uma
metanálise mais recente. Entretanto, a progesterona vaginal micronizada poderia aumentar
a taxa de nascidos vivos em mulheres com ameaça de aborto e com história
de um ou mais abortos anteriores (risco relativo [RR]: 1,08, intervalo de confiança [IC]
de 95%: 1,02-1,15). O benefício foi maior no subgrupo de mulheres com três ou mais
perdas anteriores. Conclusão:
Ainda restam dúvidas sobre o uso de “progesterona”
nas pacientes com PGR inexplicada. Sua administração deve ser discutida individualmente
com cada mulher, levando-se em conta especialmente a idade materna,
o número de abortos prévios e a história de sangramento na gestação em curso,
evitando-se tratamentos que trazem custos e não são isentos de efeitos colaterais.(AU)
Objective:
To discuss the use of progestins in women with recurrent pregnancy loss
(RPL) with no apparent cause, addressing types of progestins, and results of clinical
trials, systematic reviews, and meta-analyses. Methods:
This is a non-systematic review
of articles published in the PubMed, Cochrane, SciELO electronic databases in the last
five years, using the following descriptors: “progesterone”, “dydrogesterone”, “recurrent
pregnancy loss”, and “recurrent abortion”. Results:
Two large meta-analyses found a
reduction in the rate of miscarriage, and an increase in the rate of live births with the
use of synthetic progestin in patients with unexplained RPL, but this conclusion was
challenged in a more recent meta-analysis. However, micronized vaginal progesterone
could increase the rate of live births in women with a threatened miscarriage and a
history of one or more previous miscarriages (RR: 1.08, 95% CI: 1.02-1.15). The benefit was
greatest in the subgroup of women with three or more previous losses. Conclusion:
There
are still doubts about the use of “progesterone” in patients with unexplained RPL. Its
administration should be discussed individually with each woman, taking into account
especially the maternal age, number of previous abor tions, and history of bleeding during
pregnancy, avoiding treatments that bring costs and are not free from side effects.(AU)