Autolesão não suicida em mulheres jovens: compreensão dos significados envolvidos no ato autolesivo
Nonsuicidal self-injury in young women: understanding the meanings involved in the self-injurious act
Physis (Rio J.); 33 (), 2023
Publication year: 2023
Resumo A autolesão entre mulheres jovens é problema de saúde pública ainda pouco conhecido e compreendido por pais, educadores e profissionais de saúde. Procurou-se compreender o comportamento autolesivo em mulheres jovens numa perspectiva do significado, ações e interpretação da situação vivenciada. Trata-se de pesquisa com abordagem qualitativa que utilizou entrevista semiestruturada para coleta de dados, no período de janeiro a março de 2020. Os dados foram organizados pelo programa MAXQDA e analisados com base no Interacionismo Simbólico. As cinco entrevistadas são jovens educadas pelas mães, possuem pouco ou nenhum contato com os pais. Narraram histórias de abuso sexual, rejeição paterna, bullying e baixo acolhimento no ambiente escolar. Estabeleceram uma percepção pessimista de si, oriunda de interpretações próprias e de suas interações sociais. Enxergaram a autolesão como refúgio. Praticaram a autolesão quando estavam sob sentimentos negativos insuportáveis. Viviam num ciclo de substituição do sofrer psicológico pelo padecimento físico. Todas admitiram possuir temperamentos ansiosos, baixa autoestima e inabilidades socioemocionais. A autolesão tem vínculo direto com os significados que essas jovens se atribuem. Nas escolas, a incorporação de conhecimento sobre bem-estar deve ser estimulada para a formação de pessoas mais eficazes na resolução de problemas.
Abstract Self-injury among young women is a public health problem that is still little known and understood by parents, educators and health professionals. We sought to understand selfinjurious behavior in young women from a perspective of the meaning, actions and interpretation of the experienced situation. This qualitative research used semi-structured interview for data collection from January to March 2020. The data were organized by the MAXQDA software and analyzed based on Symbolic Interactionism. The five interviewees are young people educated by their mothers, with little or no contact with their fathers. They narrated stories of sexual abuse, parental rejection, bullying and low acceptance in the school environment. They established a pessimistic perception of themselves arising from their own interpretations and their social interactions. They saw self-injury as a refuge. They practiced self-injury when they were under unbearable negative feelings. They lived in a cycle of substituting psychological suffering for physical suffering. All admitted having anxious temperaments, low self-esteem and socioemotional disabilities. Self-injury is directly linked to the meanings these young women give to themselves. At schools, the incorporation of knowledge about well-being should be encouraged to train people who are more effective in solving problems.