A saúde das mulheres negras: atuação da psicologia na atenção básica
The health of black women: the performance of psychology in primary care
Saúde Soc; 32 (2), 2023
Publication year: 2023
Resumo Este artigo objetiva analisar como as psicólogas atuantes na atenção básica percebem a influência dos efeitos psicossociais do racismo e do sexismo em suas práticas e no processo de saúde e cuidado prestado às mulheres negras. Trata-se de pesquisa qualitativa de caráter descritivo e exploratório, seguindo a perspectiva da psicologia social crítica. Foi realizado um levantamento teórico-metodológico sobre os temas relevantes, assim como a produção do instrumento de coleta de dados e entrevistas semiestruturadas. Participaram do estudo oito psicólogas que atendem o público feminino e trabalham na rede de atenção básica da cidade de Salvador (BA). Os dados foram analisados pelo método hermenêutico-dialético. Nota-se que a maioria das percepções foi associada à questão biologizante da raça/cor e à noção de cuidado voltado à visão universalista do sujeito, o que implicou a ausência de ações direcionadas à promoção da saúde de mulheres negras. Contudo, observou-se a percepção interseccional e o letramento racial nos relatos de três das participantes, o que possibilitou o desenvolvimento de tentativas de práticas antirracistas e antissexistas. Conclui-se que ainda se faz necessário explorar ações da psicologia que visem à promoção da saúde de mulheres negras e que possam associar a teoria com a prática.
Abstract This article aims to analyze how psychologists who work in primary care, perceive the influence of the psychosocial effects of racism and sexism in their practices and in the health and care process provided to black women. This is a qualitative research with a descriptive and exploratory character, following the critical social psychology framework. A theoretical-methodological survey was carried out about the main subjects, as well as the production of the data collection instrument and the semi-structured interviews. The study included eight psychologists who serve the female public and work in the primary care network in the municipality of Salvador (BA). Data were analyzed by the hermeneutic-dialectical method. Most perceptions were associated with the biologizing issue of race/color and the notion of care aimed at the universalist view of the subject, which implied the absence of actions aimed at promoting the health of black women. However, the intersectional perception and racial literacy were observed in the reports of three of the participants, which enabled the development of attempts at anti-racist and anti-sexist practices. In conclusion, exploring psychology actions aimed at promoting the health of black women and that can associate theory with practice is still necessary.