A letra e a vida: descompassos entre cotidiano e burocracia nas políticas para a população de rua
The letter and life: mismatches between daily life and bureaucracy in policies for the homeless
La letra y la vida: desajustes entre la vida cotidiana y la burocracia en las políticas para la población sin hogar
Psicol. rev. (Belo Horizonte); 26 (1), 2020
Publication year: 2020
O artigo aborda a população de rua como caso emblemático para discutir a relação entre cotidiano e burocracia, apresentando as tensões entre os modos de vida e o funcionamento institucional das políticas públicas a ela destinadas, em duas capitais do Nordeste brasileiro. A partir de narrativas de pessoas em situação de rua, registros de observação participante/itinerante e entrevistas com trabalhadores, problematiza a distância entre a letra (a burocracia) e a vida (o cotidiano), e a relação entre tempos e espaços regulamentados, evidenciando como, fora dos muros institucionais, a vida cotidiana é praticada na sua singularidade, porém excluída do direito à cidade. Nesse contexto, a cidade é pensada como polis, concluindo-se que os desafios da rua são os desafios da cidade: agregar histórias e dar suporte às diferenças.
This paper studies the homeless population as an emblematic case to discuss the relationship between daily life and bureaucracy, displaying the tensions between living on the streets and the functioning of public policies concerning homeless people's living in two capitals in the Northeast of Brazil. Based on homeless peoples narrative excerpts, participant/itinerants observation records and workers reports through interviews, the study problematizes the distance between the letter (bureaucracy) and life (daily life) and the relation between regulated time and space, highlighting how, outside the institutional walls, the daily life is practiced in its uniqueness, but excluded from the right to the city. In this context, the city is understood as polis, concluding that the challenges on the street are the challenges of the city: aggregating stories and supporting the differences.
El artículo aborda la población sin hogar como caso emblemático para discutir la relación entre el cotidiano y la burocracia, presentando los conflictos entre los modos de vida y el funcionamiento institucional de las políticas públicas destinadas para estas personas, en dos capitales del Noreste brasileño. Tomando como base las narrativas de personas sin hogar, registros de observación participante/itinerante y entrevistas con trabajadores, analiza de una forma crítica los desajustes entre la letra (burocracia) y la vida (cotidiano) y la relación entre tiempos y espacios reglamentados, mostrando como fuera de los muros institucionales la vida cotidiana es practicada de manera singular, sin embargo, excluida del derecho a la ciudad. En ese contexto la ciudad es pensada como polis, concluyéndose que los desafíos de la calle son los desafíos de la ciudad: albergar historias y permitir las diferencias.