Rev. Fac. Odontol. Porto Alegre (Online); 63 (1), 2022
Publication year: 2022
Objetivo:
Durante décadas, o Streptococcus mutans foi con-siderado o principal agente etiológico da doença cárie. Esta revisão apresentará seu histórico e metabolismo a nível molecular. Ao entender as vias metabólicas do S.mutans envolvidas no desenvolvimento de lesões cariosas, será possível desenvolver novos métodos de modulação de biofilmes no controle da doença cárie e elucidar a neces-sidade de continuar pesquisando essa bactéria. Revisão de literatura:
Embora o S. mutans não constitua uma pro-porção significativa na colonização da microbiota bucal da dentição hígida, essa proporção aumenta quando há acidificação contínua do biofilme, associada ao excesso de carboidratos na dieta do hospedeiro. Isso ocorre devido a um conjunto de fatores de virulência, tais como, adesão, formação de biofilme, acidogenicidade, aciduricidade, atividades de proteases, produção de mutacinas e vias de transdução de sinal. Cada uma dessas propriedades, coordenadamente, alteram a ecologia do biofilme dental. Discussão:
Ainda é relevante entender o metabolismo do S. mutans como microrganismo modelo em lesões cariosas devido a seus inúmeros fatores de virulência. Porém, no contexto da doença cárie como uma disbiose, estratégias terapêuticas antimicrobianas, mais especificamente anti-S.mutans, voltadas para a eliminação do microrganismo, po-dem não ser a chave do controle da doença cárie, enquanto a modulação do microbioma poderá se tornar o futuro das clínicas odontológicas. Conclusão:
Biofilmes associados a doença cárie compreendem um ecossistema diverso, sugerindo uma etiologia polimicrobiana, porém, estudos futuros que visem à prospecção, ao desenvolvimento e à inter-relação do S. mutans com outros microrganismos e com o hospedeiro humano ainda são justificados a fim de desvendar a transição ‘homeostase-disbiose’.
Aim:
For decades, the Streptococcus mutans was consi-dered the main agent of caries. This review will show its history and metabolism at the molecular level. By understanding its metabolic pathways involved in the development of carious lesions, it can be possible to develop new methods of modulating biofilms in the control of caries, as well as to elucidate the need to continue researching this bacterium. Literature review:
Although S. mutans does not constitute a significant proportion in the colonization of the oral microbiota of the sound dentition, its proportion increases when there is continuous acidification of the biofilm, asso-ciated with excess carbohydrates in the host diet. This is due to a set of virulence factors, such as adhesion, biofilm formation, acidogenicity, aciduricity, proteases activity, mutacins production and signal transduction pathways. Each of these properties coordinately alters the ecology of the dental biofilm. Discussion:
It is still relevant to understand the metabolism of S. mutans as a model microorganism in carious lesions due to its numerous virulence factors. However, in the context of caries as a dysbiosis, antimicrobial therapeutic strategies, more specifically anti-S.mutans, aiming to eliminate the microorganism, may not be the key to caries control, and the microbiome modulation may become the future of dental clinics. Conclusion:
Biofilms associated with caries disease comprise a diverse ecosystem, suggesting a polymicrobial etiolo-gy, however, future studies aimed at the prospection, development and interrelationship of S. mutans with other microorganisms and with the human host are still justified in order to unravel the ‘homeos-tasis-dysbiosis’ transition.