Trab. Educ. Saúde (Online); 21 (), 2023
Publication year: 2023
RESUMO:
As crises que caracterizam nosso tempo espelham uma crise civilizatória com raízes no monopólio do saber, em que os modos de conhecer desenvolvidos pelo capitalismo científico degradam o ambiente e subjugam saberes construídos na coevolução das culturas com a natureza, os territórios e os meios de vida. A tecnologia e as inovações científicas assumiram papel central na sociedade atual, mediando um sem-número de relações sociais, ambientais e políticas hegemonizadas pelo capitalismo colonial contemporâneo. Neste ensaio, buscamos trazer reflexões sobre as relações entre os campos da energia e da saúde que, além de manifestarem sucessivas crises, vêm mobilizando o imaginário social nos últimos anos por serem regidos por sistemas sociotécnicos que condicionam os modos de vida modernos. As crises energética e sanitária são abordadas com base em suas construções históricas, nas estruturas produtivas que mobilizam, nos modos de vida que criam e nas relações sociais que ordenam. Apontamos para os mecanismos por meio dos quais os circuitos globais do capital exportam externalidades na direção das populações com menor acesso à energia mecânica disponível em seus sistemas sociotécnicos, gerando catástrofes socioambientais, expropriação de terras, perda de biodiversidade, mudanças climáticas, poluição, pobreza, fome e epidemias.
ABSTRACT:
The crises that characterize our time mirror a civilizational crisis with roots in the monopoly of knowledge, in which the ways of knowing developed by scientific capitalism degrade the environment and subjugate knowledge built in the co-evolution of cultures with nature, territories and means of life. Technology and scientific innovations have taken a central role in today's society, mediating countless social, environmental and political relations hegemonized by contemporary colonial capitalism. In this essay, we seek to bring reflections on the relationships between the fields of energy and health which, in addition to manifesting successive crises, have been mobilizing the social imagination in recent years as they are governed by socio-technical systems that condition modern ways of life. Energy and health crises are addressed based on their historical constructions, the productive structures they mobilize, the ways of life they create and the social relations they order. We point to the mechanisms by which global circuits of capital export externalities towards populations with less access to mechanical energy available in their socio-technical systems, generating socio-environmental catastrophes, land expropriation, loss of biodiversity, climate change, pollution, poverty, famine and epidemics.
RESUMEN:
Las crisis que caracterizan nuestro tiempo reflejan una crisis de civilización con raíces en el monopolio del conocimiento, en la que las formas de conocimiento desarrolladas por el capitalismo científico degradan el medio ambiente y subyugan el conocimiento construido en la coevolución de las culturas con la naturaleza, los territorios y los medios de vida. La tecnología y las innovaciones científicas han asumido un papel central en la sociedad actual, mediando innumerables relaciones sociales, ambientales y políticas hegemonizadas por el capitalismo colonial contemporáneo. En este ensayo buscamos traer reflexiones sobre las relaciones entre los campos de la energía y la salud que, además de manifestar crisis sucesivas, vienen movilizando el imaginario social en los últimos años al estar regidos por sistemas sociotécnicos que condicionan las formas modernas. de vida. Las crisis energética y sanitaria se abordan a partir de sus construcciones históricas, las estructuras productivas que movilizan, los modos de vida que crean y las relaciones sociales que ordenan. Señalamos los mecanismos a través de los cuales los circuitos globales de capital exportan externalidades hacia poblaciones con menor acceso a la energía mecánica disponible en sus sistemas sociotécnicos, generando catástrofes socioambientales, expropiación de tierras, pérdida de biodiversidad, cambio climático, contaminación, pobreza, hambruna y epidemias.