Disparidade Racial na Assistência ao Câncer
Racial Disparity in Cancer Assistance
Disparidad Racial en la Asistencia al Cáncer
Rev. Bras. Cancerol. (Online); 69 (4), 2023
Publication year: 2023
Embora o câncer atinja pessoas de todas as idades, raças, etnias e sexos, ele nem sempre as afeta igualmente. Diferenças na genética, hormônios, exposições ambientais e outros fatores podem levar a diferenças de risco entre grupos distintos de pessoas1. No entanto, deve-se ressaltar que, para além do impacto da doença, o impacto da assistência prestada ao paciente influencia diretamente nos defechos oncológicos, sejam eles positivos ou negativos. O país de origem, a identidade de gênero, a orientação sexual, a raça ou qualquer outro dado demográfico do paciente não deveria influenciar na taxa de sobrevida do câncer. Infelizmente, não é o que se vê, tendo em vista as disparidades na assistência ao câncer da maior parte da população brasileira. De acordo com o censo demográfico de 2022, os negros (a soma de pretos e pardos) representam 56% da população brasileira. No último 23 de outubro, os Ministérios da Saúde e da Igualdade Racial lançaram o Boletim Epidemiológico Saúde da População Negra (BESPN), que inclui dados de notificações de agravos e doenças relacionadas à população negra. Tais dados evidenciam o impacto do racismo como determinante social de saúde e expõem a vulnerabilização da população negra em relação ao acesso das políticas já existentes.