De antagonismos, deslocamentos e grilhões
On antagonisms, displacements and shackles

Agora (Rio J.); 26 (), 2023
Publication year: 2023

RESUMO:

Partindo das violações praticadas contra as instituições da República brasileira nos eventos do dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília, procura-se demonstrar a importância de recolher o que ali emergiu, como expressão de dificuldades intrínsecas (e não apenas conjunturais) da nossa história e formação social. Examinando a relação dos componentes de ódio e agressividade extremos que permearam os ataques, com as linhas de força de nossa origem colonial, destaca-se o problema da divisão de classes, raças, gêneros, linguagens e culturas em que sempre nos mantivemos. Um antagonismo material e simbólico feroz, que é fonte permanente de segregação e violência e nos impede de formarmos uma coletividade que inclua, de fato, a diversidade da população brasileira. Com a introdução de elementos da crítica decolonial retomados a partir da psicanálise e o chamamento ético que a acompanha, afirma-se a necessidade de estabelecermos um novo paradigma que nos permita ressituar as tensões do Brasil atual, e que abra a chance de um comprometimento real de cada um com o laço social, o meio e os outros.

ABSTRACT:

The January 8th attacks in Brasília indicate the importance of collecting what emerged there as an expression of intrinsic (and not conjunctural) difficulties in Brazil. Relating the extreme hatred and destructiveness of the attacks with our colonial origin, the division of classes, races and cultures in which we have always maintained ourselves stands out. A fierce antagonism that leads to segregation and violence and prevents us from forming a collective that truly includes the diversity of the Brazilian population. Decolonial criticism, taken up with psychoanalysis and the ethics that accompanies it, allows us to resituate the tensions of current Brazil and opens the chance for a real commitment to the social bond, the environment, and the others.

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