Acolhimento de vítimas de violência sexual em serviços de saúde brasileiros: revisão integrativa
Reception of victims of sexual violence in Brazilian health services: integrative review
Saúde Soc; 32 (3), 2023
Publication year: 2023
Resumo Objetiva-se compreender como as vítimas de violência sexual são acolhidas no sistema de saúde pública brasileiro após as mudanças legislativas de 2013. Realizou-se revisão integrativa de artigos disponíveis em bibliotecas virtuais, publicados de 2013 a fevereiro de 2022. Após leitura dos títulos, resumos e textos completos, foram excluídas publicações que não relacionam violência sexual ao atendimento em saúde pública. Realizou-se metassíntese em três eixos: capacitação profissional; protocolos de atendimento e acesso; e acessibilidade. Como resultado, apenas 14 artigos foram selecionados dentre os mais de 2 mil inicialmente identificados, com pesquisas em 21municípios das cinco regiões brasileiras, a maioria realizada em centros especializados no atendimento a vítimas de violência sexual. A maioria dos profissionais afirma não ter formação adequada, desconhecendo protocolos de atendimento, com exceção de alguns centros especializados e profissionais interessados no tema. Preconceito, falta de articulação entre serviços, má distribuição das redes de atendimento e fatores socioeconômicos dificultam o acesso e a acessibilidade das vítimas. Conclui-se que violência sexual é amplamente abordada em publicações, mas há poucos artigos que tratam do atendimento em saúde pública no Brasil. O despreparo e desconhecimento profissional ainda prevalecem, indicando a necessidade de mais estudos e capacitação qualificada.
Abstract We aim to understand how victims of sexual violence are welcomed in the Brazilian public health system after the legislative changes of 2013. An integrative review of articles available virtual libraries, published from 2013 to February 2022, was performed. After reading titles, abstracts, and full texts, publications that do not relate sexual violence to public health care were excluded. A meta-synthesis was executed in 3 axes: professional training; care and access protocols; and accessibility. As a result, only 14 articles were selected from the more than 2 thousand initially identified, with studies in 21 municipalities of the five Brazilian regions, most performed in centers specialized in assisting victims of sexual violence. Most professionals say they do not have adequate training, not knowing the care protocols, with the exception of some specialized centers and professionals interested in the topic. Prejudice, lack of coordination between services, poor distribution of care networks, and socioeconomic factors hinder the access and accessibility of victims. In conclusion, sexual violence is widely addressed in publications, but few articles deal with public health care in Brazil. Professional unpreparedness and lack of knowledge still prevail, indicating the need for more studies and qualification.