Barreiras à implementação da educação interprofissional: uma análise do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde)
Implementation barriers to interprofessional education: an analysis of the Educação pelo Trabalho para a Saúde Program (PET-Saúde)
Saúde Soc; 32 (supl.2), 2023
Publication year: 2023
Resumo Este estudo analisa as barreiras para a implementação da educação interprofissional de cursos de graduação em saúde do estado do Rio de Janeiro participantes do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde). Foi conduzido um estudo de caso exploratório e qualitativo, com 32 participantes do PET-Saúde, que busca promover mudanças curriculares nos cursos da saúde. Dados foram coletados em 2020 mediante entrevistas individuais e submetidos à análise temática. Foram identificadas barreiras sociopolíticas, institucionais e relacionais. As sociopolíticas incluem o sucateamento do sistema público de saúde e a violência nos territórios de atuação das equipes de atenção primária, enquanto as institucionais incluem a rigidez curricular, a rotatividade dos gestores universitários e a incipiência dos processos de avaliação das experiências inovadoras de ensino. Na dimensão relacional, o elemento central é a força dos silos profissionais e das relações de hierarquia e poder entre os diferentes profissionais de saúde. A superação dessas barreiras implica a mobilização de políticas públicas intersetoriais, maior integração entre os sistemas profissionais, de saúde e de educação, e o reconhecimento de que a educação interprofissional é uma rota potencial para melhorar a saúde da população, reduzir os custos da assistência e garantir satisfação e segurança aos profissionais.
Abstract This study analyzes the barriers undergraduate health courses participating in the Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), in Rio de Janeiro, face to implement interprofessional education. An exploratory and qualitative case study was conducted with 32 participants from PET-Saúde, a program that promotes curricular changes in undergraduate health courses. Data were collected in 2020 by means of individual interviews. Thematic analysis of the data identified sociopolitical, institutional, and relational barriers. Degradation of the health system and the regional violence hindering healthcare activities were the main sociopolitical barriers. In turn, institutional barriers included curriculum rigidity, university administrator turnover, and lack of evaluation methods for innovative interprofessional education. As for relational barriers, professional silos hindering collaborative efforts, top-down power hierarchies resistant to feedback, and unsatisfactory communications among stakeholders were the main complaints. Overcoming these barriers requires intersectoral public policies, greater integration among professionals, healthcare, and education systems, and recognizing that interprofessional education can improve public health, reduce healthcare costs, and ensure professional satisfaction and work safety.