As teorias pós-modernas: os princípios e o método da desconstrução generalizada
Théories postmodernes: principes et méthode de déconstruction généralisée
Postmodern theories: the principles and method of generalized deconstruction
aSEPHallus; 19 (37), 2024
Publication year: 2024
Este artigo faz parte de um projeto de trabalho sobre as relações entre feminismo e patriarcado na pós-modernidade.
Parto da seguinte questão:
qual é o mal-estar que se apresenta nas teorias feministas do século XXI e de inspiração pós-moderna? O mal-estar no feminismo ainda é sexual, como evidenciam as teorias que discutem as relações entre os sexos como a matriz da dominação masculina sobre a mulher? Como passo preliminar a esta análise, faz-se necessário apresentar as ferramentas teóricas que me permitem examinar o enlace entre as teorias feministas e as teorias pós-modernas. Desse modo, neste artigo, pretendo elencar os principais elementos teóricos das chamadas teorias críticas. Estas são a base da ideologia multiculturalista pós-moderna e constituem uma referência dominante da literatura feminista no século XXI. As teorias críticas se desenvolveram a partir do eco da descrença, da decepção, da destituição do projeto da modernidade científica da sociedade ocidental. Estas teorias estruturam-se em dois eixos fundamentais: um ceticismo radical em relação ao conhecimento objetivo, científico e a primazia das relações de poder como a força constituinte da sociedade. Dessa perspectiva, constitui-se um método da desconstrução generalizada de todas as referências simbólicas, culturais da sociedade ocidental, consideradas artifícios de dominação da elite sobre as minorias subalternas, dominadas. Como eixos desse método, destaco os seguintes pontos: o locus privilegiado do campo de ação do método de desconstrução é o campo da linguagem e os seus principais instrumentos são o chamado lugar de fala e o movimento politicamente correto.
Cet article s’inscrit dans le cadre d’un projet de travail sur les relations entre féminisme et patriarcat dans la postmodernité.
Je commence par la question suivante :
quel est le malaise qui apparaît dans les théories féministes du XXIe siècle et d’inspiration postmoderne ? Le malaise du féminisme est-il toujours sexuel, comme en témoignent les théories qui discutent des relations entre les sexes comme matrice de la domination masculine sur les femmes ? En guise d’étape préliminaire à cette analyse, il est nécessaire de présenter les outils théoriques qui me permettent d’examiner le lien entre les théories féministes et les théories postmodernes. C’est pourquoi, dans cet article, j’ai l’intention de lister les principaux éléments théoriques des théories dites critiques. Celles-ci constituent la base de l’idéologie multiculturaliste postmoderne et constituent une référence dominante dans la littérature féministe du XXIe siècle. Les théories critiques se sont développées à partir de l’écho de l’incrédulité, de la déception et du rejet du projet de modernité scientifique dans la société occidentale.Ces théories se structurent autour de deux axes fondamentaux :
un scepticisme radical à l’égard des connaissances objectives et scientifiques et la primauté des relations de pouvoir comme force constitutive de la société. De ce point de vue, il constitue une méthode de déconstruction généralisée de toutes les références symboliques et culturelles de la société occidentale, considérées comme des dispositifs de domination des élites sur des minorités subordonnées et dominées. Comme axes de cette méthode, je souligne les points suivants : le lieu privilégié du champ d'action de la méthode de déconstruction est le champ du langage et ses principaux instruments sont ce qu'on appelle le lieu de parole et le mouvement politiquement correct.
This article is part of a work project on the relationship between feminism and patriarchy in postmodernity.