Morte em vida de Severina: uma cartografia do cuidado com as pessoas (com deficiência)
The Death in Life of Severina: a cartography of care for people (with disabilities)

Saúde Soc; 33 (2), 2024
Publication year: 2024

Resumo Neste artigo, analisa-se o acesso ao cuidado da saúde que produz vulnerabilidades, bem como as estratégias de resistência de usuários(as). No estudo, fruto de pesquisa qualitativa com abordagem cartográfica, recorre-se ao conceito-ferramenta "usuária-guia", ao analisar a trajetória de uma mulher de 48 anos de idade com deficiência visual, acompanhada em pesquisa num centro especializado em reabilitação da cidade de João Pessoa, Paraíba, Brasil. Entre outubro de 2020 e abril de 2021, foram realizados 12 encontros virtuais com a usuária e duas entrevistas com profissionais do serviço, registrados em diários de campo.

A análise gerou os seguintes eixos de interpretação:

Várias mortes em vida, Severina; A fabricação de um corpo Severina: marcas de uma saúde prescritora do viver; e Teima a vida Severina, em sua produção de redes vivas de cuidado. Evidenciou-se que a organização da atenção à saúde direcionada a certos grupos leva à produção de vulnerabilidades e promove a morte (ou mesmo muitas mortes) em vida. Ao mesmo tempo, identificaram-se possibilidades de construção de outros fluxos, em que seria possível constituir, para si, meios de romper com o que se estrutura para nossas rotas, permitindo produzir furos nos muros.
Abstract This article analyzes the access to health care that produces vulnerability, as well as the resistance strategies of users. The study, resulting from qualitative research with a cartographic approach, uses the concept-tool "guide-user" to analyze the trajectory of a 48-year-old woman, with visual impairment, accompanied in research at a specialized center in rehabilitation in the municipality of João Pessoa, Paraíba, Brazil. Between October 2020 and April 2021, 12 virtual meetings were held with the user and two interviews with service professionals, recorded in field diaries.

The analysis generated the following interpretation axes:

Several Deaths in Life, Severina; The fabrication of a Severina body: marks of a prescriptive health of living; and Severina insists on life, in her production of living networks of care. It was evidenced that the organization of health care directed at certain groups of people leads to the production of vulnerabilities and promotes death (or even many deaths) during life. At the same time, possibilities for the construction of other flows were identified, in which it would be possible to constitute, for themselves, means of breaking with what is structured for our routes, allowing to produce holes in the walls.

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