Arq. odontol; 60 (), 2024
Publication year: 2024
Objetivo:
O presente estudo teve como objetivo avaliar o perfil dos pacientes atendidos em um centro de referência de traumatismos dentários na dentição decídua, identificando as características sociodemográficas, frequência, tipos de lesões traumáticas e tratamentos realizados. Métodos:
Trata-se de um estudo retrospectivo com prontuários odontológicos de crianças de 6 a 60 meses de idade atendidas na Clínica de Traumatismo na Dentição Decídua da FAO/UFMG no período de 2007 a 2019. Foram analisadas características das lesões traumáticas, da criança, atendimento imediato (2h após o trauma) e condições socioeconômicas. A análise dos dados foi realizada de maneira descritiva e consistiu na distribuição de frequência das variáveis. Resultados:
Entre os 610 prontuários odontológicos, 365 crianças (59,8%) eram do sexo masculino; 335 (54,9%) tinham 3 anos de idade ou menos, 446 (73,1%) eram de baixa renda e 335 (54,9%) das mães estudaram até o ensino médio. Lesões aos tecidos duros dentários apresentaram a maior frequência em crianças com 3 anos de idade ou menos (60,4%), entretanto, após os 3 anos de idade, as lesões mais frequentes foram lesões aos tecidos de sustentação (48,0%). Dentre a classificação de lesões aos tecidos duros dentários, a trinca e/ou fratura de esmalte foi a lesão mais frequente (15,0%). A luxação intrusiva foi o trauma mais frequente nos tecidos de sustentação (11,2%) e lesão em gengiva foi mais frequente dentre lesões nos tecidos moles (9,5%). Em geral, 212 crianças (34,8%) buscaram atendimento em um intervalo menor ou igual a duas horas após o trauma. A exodontia foi o tratamento mais realizado:
em casos de lesões aos tecidos de sustentação (47,1%), seguido do mantenedor de espaço (24,3%). Em tecidos duros dentários a exodontia também foi o tratamento mais frequente (50,7%), seguido de restauração e mantenedor de espaço (18,0%). Conclusão:
Conclui-se que a maioria dos traumatismos dentários na dentição decídua foram em meninos com menos de 3 anos e as lesões mais comuns foram trincas/fratura de esmalte, seguidas das luxações intrusivas.
Aim:
The aim of the present study was to evaluate the profile and characteristics of patients treated at a dental trauma reference center, and identifying frequency, types of traumatic injuries and treatments performed. Methods:
This retrospective study was carried out with dental records of children aged 6 to 60 months attended at the Primary Dental Trauma Clinic of FAO/UFMG between 2007 and 2019. Characteristics of the child and traumatic dental injuries, immediate care (2 hours after the trauma) and socioeconomic status were analyzed. Data analysis was performed descriptively using frequency distribution. Results:
Of the total of 610 dental records, 365 children (59.8%) were male; 335 (54.9%) were up to 3 years old, 446 (73.1%) were low-income and 335 (54.9%) had mothers who studied up to high school. Dental hard tissue injuries were more frequent in children aged 3 years or less (60.4%), but after 3 years of age, the most frequent injuries were supporting tissue injuries (48.0%). Among dental hard tissue injuries, enamel crack and/or fracture was the most frequent injury (15.0%). Intrusive luxation was the most frequent lesion in supporting tissues injuries (11.2%) and gingival lesions was the most frequent soft tissue injuries (9.5%). Overall, 212 children (34.8%) sought care within two hours of the injury. Extraction was the most common treatment for supporting tissue injuries (44.3%), followed by space maintainers (22.8%). In dental hard tissues injuries, extraction was also the most frequent treatment (35.8%), followed by restoration (30.2%). Conclusion:
In conclusion, most traumatic dental injuries in the primary dentition occurred in boys under 3 years of age, and the most common injuries were enamel cracks/fractures, followed by intrusive luxation.