Rev. méd. Minas Gerais; 33 (), 2023
Publication year: 2023
Introdução:
A desesperança pode ser definida como a expectativa negativa em relação ao futuro, associada à falta da expectativa de mudança, sendo encontrada em contexto de diferentes desastres.
Objetivo:
Avaliar a prevalência de desesperança e suas correlações com a qualidade de vida e delimitar os fatores associados ao seu desenvolvimento na população atingida pelo desastre pelo rompimento da barragem do Fundão em Mariana/MG.
Métodos:
Foram avaliados 225 adultos atingidos pelo desastre e analisadas as relações de desesperança com depressão, qualidade de vida e seus determinantes.
Resultados:
9% da população apresentou nível leve de desesperança. A correlação entre desesperança e depressão obteve um coeficiente de correlação (CC) de 0,220 (p=001). Já a correlação entre desesperança e qualidade de vida foi -0,248 (p<0,001) e se manteve significativa com a exclusão dos
indivíduos com diagnóstico de depressão sendo de -0,204 (p=0,010). Os preditores de um alto grau de desesperança foram a insônia (OR: 5,92, p=0,002); ter 60 anos ou mais (OR: 4,736, p=0,009); e o risco
de suicídio (OR: 5,468, p=0,005). A alta resiliência foi fator protetor de um alto grau de desesperança (OR: 0,115; p=0,008).
Conclusões:
Um alto grau de desesperança correlacionou-se com piora da qualidade de vida mesmo em indivíduos sem depressão. Assim, sugerimos que intervenções focadas em redução de desesperança devem ser incluídas em planos assistenciais para minimizar os impactos nos atingidos.
Introduction:
Hopelessness can be defined as the negative expectation about the future, associated with the lack of expectation of its change. This cognition may be found in the setting of disasters.
Objectives:
Evaluate the prevalence of hopelessness and its correlations with the quality of life and delineate the associated factors with its development in the population affected by the disaster of the Fundão dam at Mariana.
Methods:
225 adults affected by the disaster were evaluated. The study explored the relationships between hopelessness and depression, quality of life, and its determinants.
Results:
9% of the population were presented with a mild level of hopelessness. The correlation coefficient (CC) between hopelessness and depression was 0.220 (p=001) and between hopelessness and quality of life was -0.248 (p<0.001). This value remained significant, with the exclusion of individuals diagnosed
with depression being -0.204 (p=0.010). Insomnia (OR: 5.92, p=0.002), being 60 years old or older (OR: 4.736, p=0.009) and risk of suicide (OR: 5.468, p=0.005) are predictors of hopelessness, while high resilience was a protective factor (OR: 0.115; p=0.008).
Conclusions:
A high degree of hopelessness was correlated with worsening quality of life even in individuals without depression. Thus, we suggest that interventions focused on reducing hopelessness should be included in assistance plans to minimize the impacts on those affected.