Comunicando o incomunicável? Mulheres com endometriose, assimetrias e limites da empatia
Communicating the incommunicable? Women with endometriosis, asymmetries and limits of empathy
¿Comunicar lo incomunicable? Mujeres con endometriosis, asimetrías y límites de la empatía
RECIIS (Online); 18 (3), 2024
Publication year: 2024
Neste artigo, analisamos o documentário Endometriose: uma vida moldada pela dor, material que tem como objetivo “mostrar, tirar da invisibilidade e dar voz” a mulheres que vivem com intensa dor crônica causada pela doença que dá título à obra. Discutiremos, preliminarmente, as dificuldades e potencialidades do testemunho da dor física, a partir de reflexões de Scarry, Sontag e Bourke. Em seguida, abordaremos três fatores de caráter histórico-social que podem ajudar a explicar o silenciamento da experiência das pacientes: os limites da compaixão médica, especialmente relacionados a questões de gênero, classe e raça; a construção da ideia do corpo feminino como inerentemente patológico e as complexidades na relação médico-paciente em sua interseção com o gênero. Por fim, no último tópico do trabalho, trataremos dos esforços das mulheres com endometriose no sentido de tornar sua dor inteligível e modular que resposta desejam receber de seus interlocutores.
In this essay, we analyze the documentary Endometriosis: a life shaped by pain, a material that aims to “show, remove from invisibility and give voice” to women who live with intense chronic pain caused by endometriosis. We will preliminarily discuss the difficulties and potentialities of witnessing physical pain, based on the work of Scarry, Sontag and Bourke. Next, we will address three socio-historical factors that can help explain the silencing of patients’ experiences: first, the limits of medical compassion, especially related to issues of gender, class and race; second, the construction of the idea of the female body as inherently pathological; third, the complexities in the doctor-patient relationship as it intersects with gender. Finally, in the last topic of the work, we will examine the efforts of endometriosis patients to make their pain intelligible and modulate the response they want to receive from their interlocutors.