Sofrimento psíquico: a experiência de pessoas que abandonaram o cuidado no CAPS
Intense psychological suffering: the experience of people who abandoned care in CAPS
Sufrimiento psicológico: la experiencia de personas que abandonaron el cuidado en CAPS

Rev. Psicol., Divers. Saúde; 13 (1), 2024
Publication year: 2024

| INTRODUÇÃO: O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é um serviço público de saúde, aberto e comunitário, destinado a prestar cuidado a pessoas com sofrimento psíquico grave no Brasil.

OBJETIVO:

Esse artigo objetiva caracterizar a experiência de sofrimento psíquico de usuários/as que abandonaram o cuidado em saúde mental nos Centros de Atenção Psicossocial.

MÉTODO:

Trata-se de pesquisa qualitativa, com entrevistas em profundidade. Os/as participantes da pesquisa foram oito pessoas que deixaram de frequentar o CAPS. Para a análise dos dados, foi utilizada a análise de conteúdo proposta por Bardin.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Os resultados mostraram que os sujeitos apresentavam o sofrimento desde a infância, mas que só foram reconhecidos como tal após a emergência de crises na adolescência e na idade adulta. Foram encontradas diferenças de gênero nas vivências de sofrimento. Foi evidenciado que os sujeitos tentaram nomear o mal-estar através de sintomas conhecidos no discurso científico e psiquiátrico vigente. No entanto, isso mostrou-se insuficiente, conforme denunciam os sintomas corporais e os acting outs, provando que algo escapa ao reconhecimento simbólico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Concluímos que, diante da necessidade de reconhecimento para o sofrimento psíquico, os serviços de saúde e a sociedade apresentaram respostas alienantes, capturadas pela racionalidade instrumental, com a objetificação das pessoas com uso de psicofármacos e com a tentativa de redução das subjetividades a identidades determinadas. Como consequência, o resultado foi a recusa, o abandono do tratamento e dos medicamentos, numa tentativa de preservar o singular.

INTRODUCTION:

The Psychosocial Care Center (CAPS - Centro de Atenção Psicossocial) is an open, community-based public health service designed to provide care to people with severe psychological distress in Brazil.

OBJECTIVE:

This article aims to characterize the experience of intense psychological suffering of users who abandoned mental health care in CAPS.

METHOD:

This is qualitative research, through in-depth interviews. The research participants were eight people who stopped attending CAPS. For data analysis, the content analysis proposed by Bardin was used.

RESULTS AND DISCUSSIONS:

The results showed that the subjects presented severe psychological suffering since childhood, but which were retroactively recognized as such only after the emergence of crises in adolescence and adulthood. Gender differences were found in the experiences of mental illness. It was evidenced that the subjects tried to name the malaise through symptoms known in the current scientific and psychiatric discourse. This naming strategy, however, proved to be insufficient, as the bodily symptoms and acting-outs denounce, proving that something escapes symbolic recognition and does not fit in this narrative.

FINAL CONSIDERATIONS:

We conclude that, given the need for recognition of intense psychological suffering, health services and society presented alienating responses, captured by instrumental rationality, with objectification by experiences with psychotropic drugs, and with the attempt to flatten subjectivities in reductionist names and determined identities. Therefore, refusal and abandonment of treatment and medications appear, in an attempt by users to preserve their uniqueness.

INTRODUCCIÓN:

El Centro de Atención Psicosocial (CAPS - Centro de Atenção Psicossocial) es un servicio público de salud, abierto y comunitario, destinado a prestar cuidado a personas con sufrimiento psicológico grave, que se localiza en Brasil.

OBJETIVO:

Este articulo tiene como objetivo caracterizar la experiencia de sufrimiento psicológico de usuarios/as que abandonaron el cuidado de salud en los Centros de Atención Psicosocial.

MÉTODO:

Se trata de investigación cualitativa, con entrevistas en profundidad. Los/as participantes de la investigación fueron ocho personas que dejaron de frecuentar los CAPS. Para el análisis de datos, fue utilizado el análisis de contenido propuesto por Bardin.

RESULTADOS Y DISCUSIÓN:

Los resultados mostraron que los sujetos presentaban sufrimiento desde la infancia, pero que solo fueron reconocidos como tal después del surgimiento de crisis en la adolescencia y en edad adulta. Fueron encontradas diferencias de género en las experiencias de sufrimiento. Fue evidenciado que los sujetos intentaron nombrar el malestar a través de síntomas conocidos en el discurso científico y psiquiátrico actual. Sin embargo, eso resultó insuficiente como es demostrado por los síntomas corporales y los acting outs, lo que indica que algo escapa al reconocimiento simbólico.

CONSIDERACIONES FINALES:

Concluimos que, frente a la necesidad de reconocer el sufrimiento psicológico, los servicios de salud y la sociedad presentaron respuestas alienadas, capturadas por la racionalidad instrumental, con cosificación de las personas mediante la administración de psicofármacos y así reduciendo las subjetividades a identidades determinadas. Como

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