Violência sexual e doméstica em mulheres atendidas em uma clínica de DST/AIDS em Vitória, Brasil
Sexual and domestic violence among women attending a sti/aids clinic in Vitória, Brazil

DST j. bras. doenças sex. transm; 28 (1), 2016
Publication year: 2016

A violência contra as mulheres pode assumir várias formas, desde assédio sexual, discriminação e desrespeito até formas mais graves tais como violência física e sexual.

Objetivo:

Descrever a frequência de violência doméstica e sexual relatadas por mulheres atendidas em um clínica de doenças sexualmente transmissíveis (DST) em Vitória, Brasil.

Métodos:

As mulheres que buscaram atendimento clínico na clínica de DST/AIDS, durante o período de estudo, foram convidadas a participar e responderam a uma entrevista após assinar um termo de consentimento informado. O questionário utilizado incluiu dados sobre as características sócio-demográficas e clínicas, os comportamentos de risco para DST e a história de violências domésticas e sexuais.

Resultados:

Um total de 276 (96,8%) mulheres concordaram em participar do estudo, das quais 109 (39,5%) eram HIV-positivas e 167 (60,5%) eram HIV-negativas. História de violência doméstica foi relatada por 52,6% das mulheres, principalmente relacionada ao abuso de álcool (41,6%), uso de drogas ilícitas (27,2%), e problemas psiquiátricos (25,3%). Violência sexual prévia foi relatada por 28,6% das mulheres, e 31,6% desses casos ocorreu quando as participantes tinham menos de 14 anos de idade. Um total de 69,2% das mulheres tinham entre 18 e 34 anos; 11,2% relataram o uso frequente de álcool; 21% o uso de drogas ilícitas e 2,2% relataram o uso de drogas injetáveis. Em relação ao uso de preservativos, as mulheres HIV-positivas tinham menos receio de pedir ao parceiro para usar preservativos em comparação com mulheres HIV-negativas (31,2 versus 41,9%, p=0,022).

Conclusão:

História de violência doméstica e sexual foi frequentemente relatada neste estudo. Os efeitos da violência sobre a saúde física e mental das mulheres são amplamente conhecidos como um grave problema de saúde pública. Para além dessa importância, a violência é um problema invisível em nossa sociedade e precisamos aprender como abordá-lo na prática clínica.
Violence against women can take several forms; ranging from sexual harassment, discrimination, and discounting to even more serious forms such as those physical and sexual in nature.

Objective:

To describe the frequency of domestic and sexual violence reported by women attending a sexually transmitted infections (STI) clinic in Vitória, Brazil.

Methods:

Women attending the STI/AIDS clinic during the period of study were invited to participate and were interviewed after signing a written consent form. The assessment questionnaire included information on socio-demographic characteristics such as risk behaviors for STI and clinical, domestic, and sexual violence reports.

Results:

A total of 276 (96.8%) women agreed to participate, of which 109 (39.5%) were HIV-positive and 167 (60.5%) were HIV-negative. History of domestic violence was reported by 52.6% of women, mainly related to alcohol abuse (41.6%), use of illicit drugs (27.2%), and psychiatric problems (25.3%). Previous sexual violence was reported by 28.6%, and 31.6% of these cases occurred when the participants were younger than 14 years old. A total of 69.2% of women were between 18 and 34 years old; 11.2% reported frequent use of alcohol; 21% use of illicit drugs and 2.2% reported injectable drugs. Regarding the use of condoms, HIV-positive women were less afraid to ask the partner to use condoms compared with HIV-negative women (31.2% versus 41.9%, p=0.022).

Conclusion:

History of domestic and sexual violence was frequently reported in this study. The effects of violence to women’s physical and mental health are widely known as a serious public health problem. In addition to its importance, violence is an invisible problem in our society and we need to learn how to approach it during clinical consultation.

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