Percepções da população e de profissionais de saúde sobre a leishmaniose visceral
Perceptions of the population and health professionals regarding visceral leishmaniasis
Ciênc. Saúde Colet. (Impr.); 21 (2), 2016
Publication year: 2016
Resumo O presente estudo buscou, a partir do referencial teórico metodológico da pesquisa qualitativa, investigar a percepção, sobre a leishmaniose visceral (LV), de atores sociais diretamente envolvidos com a prevenção e controle da doença. A partir da realização de 38 entrevistas semiestruturadas com moradores e grupo focal com 18 agentes de saúde, de município endêmico para LV, foram coletados depoimentos que, tratados pela Análise de Conteúdo, evidenciaram lacunas, desafios e perspectivas do controle e prevenção da doença. A população associava a LV ao cão, reconhecia sua corresponsabilidade no enfrentamento da doença e demandava informação. Os agentes de saúde identificavam o saneamento ambiental como fator imprescindível para prevenção da LV. Entre as lacunas observamos fragilidade nas informações sobre a doença e culpabilização do indivíduo pela não adesão a medidas, sobretudo, de manejo ambiental. Provavelmente, abordagens que destaquem o papel do ambiente como promotor de saúde, em detrimento da prescrição pontual de medidas ambientais específicas contra LV, constitui perspectiva de superação dessas lacunas. Entendemos que o principal desafio para o fortalecimento da prevenção e controle seja a construção participativa e dialógica dessas abordagens entre profissionais de saúde e população.
Abstract Based on theoretical qualitative research reference methodology, this study sought to investigate the perception of visceral leishmaniasis (VL) by social actors directly involved in the prevention and control of the disease. Thirty-eight semi-structured interviews were conducted with residents, focus groups were staged with 18 health workers in an endemic VL area and depositions were collected, which after being processed by content analysis revealed shortcomings and challenges. The population associated VL with dogs, acknowledged their co-responsibility in tackling the disease and demanded information. Health workers identified environmental sanitation as an essential factor for VL prevention. Among the shortcomings, the lack of information about the disease and culpability of the individual because of non-adherence to prevention measures were observed, especially environmental management. Probably, approaches emphasizing the role of the environment as a health promotion agent and the timely definition of specific environmental measures against VL, constitute a prospect for overcoming these shortcomings. The consensus is that the main challenge for enhancing the prevention and control might be the participatory and dialogical construction of these approaches between health professionals and the population.