A (des)valorização do agente comunitário de saúde na Estratégia Saúde da Família
Is the value of Community Healthcare Agents in Brazil´s Family Health Strategy receiving full recognition?

Ciênc. saúde coletiva; 21 (8), 2016
Publication year: 2016

Resumo Este artigo discute sentidos produzidos por agentes comunitários de saúde (ACS) de uma cidade pequena de São Paulo sobre sua (des)valorização, considerando seu trabalho com redes sociais na Estratégia Saúde da Família (ESF). Foram realizados grupos de discussão com 28 agentes de seis unidades de saúde, os quais foram audiogravados e transcritos. A análise qualitativa do material permite identificar nas práticas discursivas dos ACS uma tensão em torno des/valorização de seu trabalho. Sentidos de valorização surgem quando destacam sua atuação próxima à comunidade e seu potencial para construção de vínculos, mas são tensionados por sentidos de desvalorização referidos a aspectos macroestruturais, como baixos salários e pouco reconhecimento de sua função comparativamente a profissionais de nível superior. Concluímos que a presença de uma visão ainda pautada na fragmentação dos processos de trabalho e em uma expectativa de resolutividade imediata das demandas da população através de ações individuais dos profissionais de saúde pode dificultar a apropriação, pelos ACS, de uma concepção mais abrangente de Atenção Primária, como articuladora da Rede de Atenção à Saúde e organizadora do Sistema Único de Saúde.
Abstract This paper discusses meanings produced by Community Healthcare Agents (ACSs) on whether or not they feel that ACSs in Brazil’s Family Health Strategy are receiving the recognition they deserve, considering their work with social networks. Discussion groups with 28 agents of six Health Units were held, sound-recorded and transcribed. Qualitative analysis of the material enables us to identify, in the discursive practices of ACSs, a tension on whether proper value is attributed to their work, or not. There was attribution of value when they talk of their activity in close proximity with the community, and their potential for construction of human connections; but there was non-attribution of value when they talk of the system’s macro-structural aspects, such as low salaries, and low recognition of their function, in comparison to higher-level professionals. We conclude that the view of their work – still involving fragmented work processes, and expectation by the population that they will be able to provide immediate solutions to demands – might be preventing them from taking on board a more wide-ranging concept of primary healthcare, as a structuring and communication agent of the Healthcare Network, and as an organizing agent of Brazil’s Unified Health System.

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