Prevalência da Síndrome do Túnel do Carpo em usuários de cadeira de rodas devido à lesão medular
Prevalence of Carpal Tunnel Syndrome in wheel-chair users due to medullary lesion

Acta fisiátrica; 18 (4), 2011
Publication year: 2011

A lesão medular acarreta inúmeras limitações funcionais diretamente relacionadas a perda das funções nervosas. Todavia, a mecânica associada ao uso de cadeiras de rodas impõe uma sobrecarga aos membros superiores que parece estar associada ao aparecimento de lesões secundárias em estruturas tendíneas e nervosas.

Objetivo:

Avaliar o surgimento de sinais eletromiográficos de comprometimento do nervo mediano na altura do túnel do carpo em indivíduos usuários de cadeiras de rodas devido a lesão medular.

Método:

Seguindo um desenho transversal, todos os indivíduos com lesão medular sob programa de reabilitação no Instituto de Medicina Física e Reabilitação do HC-FMUSP no ano 2010 foram submetidos a estudo de condução nervosa e eletromiografia. Esses achados foram correlacionados com variáveis biodemográficas e clínicas, bem como características do uso de cadeiras de rodas.

Resultados:

Foram avaliados 28 indivíduos, com média de idade de 41,4 anos (60,7% homens). A maioria dos pacientes tocava a cadeira de rodas por um tempo inferior a quatro horas e percorria uma distância tocando a cadeira de rodas inferior a 500 metros por dia. A ausência de sintomas dolorosos ocorreu em 67,9%, enquanto apenas 7,1% apresentavam o teste de Phalen e/ou Tinel positivos. Metade da amostra apresentava o diagnóstico neurofisiológico de síndrome do túnel do carpo (STC), que foi apresentou associação estatisticamente significante com a idade (p = 0,024), mas não com tempo e distância percorrida tocando a cadeira de rodas diariamente, uso de proteção ou adaptação na cadeira de rodas, sintomatologia dolorosa em membros superiores ou presença de sinais positivos para STC ao exame físico.

Conclusão:

Os sinais eletromiográficos de STC são muito prevalentes nesses indivíduos o que sugere maiores situações de risco para a integridade dos membros superiores e exige o desenvolvimento de estratégia biomecanicamente mais eficazes para a prevenção.
Medullary lesions create numerous functional limitations directly related to the loss of nervous functions. However, the mechanics associated with the use of a wheelchair impose a load on the upper limbs that seems to be linked to secondary lesions in the tendinous and nervous structures.

Objective:

This study seeks to evaluate the appearance of signs of electromyographic impairments of the median nerve around the carpal tunnel in individuals who use wheelchairs due to medullary lesion.

Method:

Following a transversal design, all the individuals with medullary lesion in the rehabilitation program at the HC-FMUSP Institute of Physical Medicine and Rehabilitation in the year 2010 were submitted to a study of nervous conduction and electromyography. Those findings were correlated with biodemographic and clinical variables, as well as to characteristics of the use of wheelchairs.

Results:

Twenty-eight (28) individuals were evaluated, with an average age of 41.4 years (60.7% males). Most patients moved the wheelchair for less than four hours and would move it less than 500 meters a day. An absence of painful symptoms was found in 67.9%, while only 7.1% presenting positive Phalen and/or Tinel test. Half of the sample presented the neurophysiological diagnostic of carpal tunnel syndrome (CTS), which had a statistically significant association with age (p=0.024), but not with the time and distance moving the wheelchair daily, the use of protection or adaptation of the wheelchair, of pain in upper limbs, or the presence of positive signs of CTS in the physical exam.

Conclusion:

We concluded that the electromyographic signs of CTS are very prevalent in these individuals, which suggests more situations of risk for the integrity of their upper limbs and demands the development of a more efficient biomechanical strategy for prevention.

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