A angústia médica: reflexões acerca do sofrimento de quem cura
Cogitare enferm; 7 (1), 2002
Publication year: 2002
Pretende-se demonstrar como o status social alcançado pela medicina, acaba se transformando em um fator gerador de angústia e adoecimento para a classe médica como um todo. No cotidiano das instituição de saúde, é possível observar como os profissionais de medicina são revestidos de um poder social que, ao mesmo tempo em que lhes fornece grande prestígio, lhes cobra responsabilidades extremas. A sociedade exige cada vez mais, que o médico seja capaz de solucionar de maneira rápida eficiente e certeira todos os problemas que lhe são apresentados, desconsiderando as limitações humanas desse profissional. Estranhamente, essa forma de pensar e de agir é incentivada pela própria formação acadêmica, pois esta, faz com que o estudante de medicina, futuro médico, acredite que possua qualidades quase sobre-humanas. Porém, ao deparar-se com a realidade limitadora do cotidiano, o médico já formado, frusta-se ao perceber a impossibilidade de esgotar toda a demanda que lhe é apresentada, na forma que lhe é exigido. Dessa maneira, acaba desenvolvendo sentimentos de angústia profunda, decorrente dessa frustração. Como seu status social desaprova a demonstração de sinais de dificuldade ou insegurança, o médico se auto-proíbe de externalizar a angústia sentida, acabando por abafar seus sentimentos, sofrendo calado e isolado, construindo sua própria proisão, transformando-se em um ser que sofre, sem kostrar que sorfre. Desse modo, este artigo objetiva ser um chamado de alerta não só para a classe médica, mas também, para todos os que trabalham na área da saúde, no sentido de repensarmos nossas formas de atuação enquanto profissionais.