Associação entre sintomas depressivos, trabalho e grau de incapacidade na hanseníase
Relationship between depression, work, and grade of impairment in leprosy

Acta fisiátrica; 21 (1), 2014
Publication year: 2014

A depressão é o transtorno psiquiátrico mais comum na hanseníase e com alto índice de sintomas depressivos.

Objetivo:

Verificar a frequência dos sintomas depressivos e sua relação com o grau de incapacidade (GI) da OMS e variáveis sociodemográficas.

Método:

Aplicou-se um questionário, contendo aspectos sociodemográficos, clínicos e o GI. Foi aplicada a escala original do BDI para identificar a frequência dos sintomas depressivos (21 itens) e a subescala cognitiva chamada BDI-Short Form - BDI-SF (1-13 itens), recomendada para avaliar sintomas depressivos em indivíduos com diagnóstico de alguma patologia. Foi utilizada análise estatística descritiva, com distribuição de frequência para a caracterização da casuística e para o cruzamento das variáveis, foi utilizado oTeste Chi-square-corrected (Yates), considerando resultados significantes valor - p < 0,05.

Resultados:

Foram avaliados 130 pacientes que tem ou tiveram hanseníase. A idade média dos pacientes foi de 49,64 (SD 14,04).Houve predomínio do sexo masculino (64,6%), dos que vivem com familiares (87,7%), com ensino fundamental incompleto (66,2%), união civil estável (61,6%), não trabalham (75,4%) e recebem aposentadoria ou auxíliosaúde (63,9%). Em relação aos aspectos clínicos, 94,5% são multibacilares, 74,6% concluíram a poliquimioterapia e a maioria apresenta perda da sensibilidade protetora e/ou deformidades (31,5% grau 1 e 37% grau 2). Dentre os casos avaliados 43,1% apresentou sintomas depressivos de intensidade moderada a grave. Não houve correlação significativa entre BDI-SF e GI (valor - p = 0,950), mas, ?não trabalhar? associou-se com sintomas depressivos (BDI-SF) (valor - p = < 0,05). Preocupação somática foi o sintoma mais frequente (80,7%), seguido de dificuldade no trabalho (78,5%), irritabilidade (68,5%), fadiga (67,7%), auto-acusação (62,3%) e choro fácil (60%).

Conclusão:

Conclui-se que sintomas depressivos moderados e graves acometeram 43,1% dos casos avaliados,independentemente de ter ou não deficiências físicas (GI 1 e 2). As pessoas que não trabalhavam foram mais acometidas por sintomas depressivos em comparação aos que exerciam alguma atividade profissional.
Depression is the most common psychiatric disorder in leprosy and with high depressive symptoms.

Objective:

The aim of this study was to determine the prevalence and frequency of depressive symptoms andtheir relationship to WHO impairment grading (IG), and sociodemographic variables.

Method:

We applied a survey containing sociodemographic, clinical aspects and IG. The original scale of the BDI was applied to identifythe frequency of depressive symptoms (21 items), as well as the cognitive subscale BDI-Short Form-BDI-SF (items 1-13), recommended to assess depressive symptoms in individuals with defined pathologies. Descriptivestatistical analysis was used, with the frequency distribution to characterize the sample, and to the intersection of the variables, the Chi-square Test-corrected (Yates) was applied, considering significant results p - value < 0.05.

Results:

130 patients who have or have had leprosy were evaluated. The mean age of patients was 49.64 (SD = 14.04). There was a predominance of males (64.6%), those living with family (87.7%), with incomplete primary education (66.2%), stable civil union (61.6%), which did not work (75.4%) and receive retirement or health aid (63.9%). Regarding clinical aspects, 94.5% were multibacillary, 74.6% had multidrug therapy and most have loss of protective sensation and/or deformities (31.5% IG1; 37% IG2). Among the cases evaluated, 43.1% had depressive symptoms of moderate to severe intensity. There was no significant correlation between BDI-SF and IG (p - value = 0.950). However, the individuals without an occupation or job (?which did not work?) were associated with depressive symptoms (BDI-FS; p - value < 0.05). Somatic apprehension was the most frequent symptom (80.7%), followed by difficulty with work (78.5%), irritability (68.5%), fatigue (67.7%), self-blame (62.3%)and tearfulness (60%).

Conclusion:

It is concluded that moderate and severe depressive symptoms assaulted 43.1% of the cases evaluated, regardless of whether or not physical disabilities (IG1 and 2). Individuals who did not work were the most affected by depressive symptoms compared to those who had some sort of occupation.

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