Envelhecimento e dor crônica: um estudo sobre mulheres com fibromialgia
Aging and chronic pain: a study of women with fibromyalgia

Acta fisiátrica; 21 (3), 2014
Publication year: 2014

Objetivo:

Desvendar o processo de envelhecimento de mulheres acometidas por fibromialgia e o impacto dessa patologia nos âmbitos físico, pessoal e social, agregado às alterações dele decorrentes.

Método:

O universo da pesquisa abrangeu 66 mulheres com diagnóstico clínico de fibromialgia, com idades entre 30 e 68 anos de idade, residentes em São Paulo/SP. Para a pesquisa qualitativa, foi selecionado, de forma aleatória, um grupo de quinze das 66 mulheres: cinco na faixa etária entre 30 e 49 anos, cinco entre 50 e 59 anos de idade e cinco de 60 anos e mais. Foram realizadas entrevistas individuais, gravadas e posteriormente transcritas na íntegra, com aplicação de instrumento semiestruturado elaborado pela autora. O instrumento buscou estimular os sujeitos a refletirem, a fim de possibilitar o acesso às representações sociais da dor, da doença o do envelhecimento com dor crônica. Como procedimento metodológico para tratamento dos dados da pesquisa qualitativa, foi utilizada a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo.

Resultados:

Os dados indicaram que há maior incidência da fibromialgia entre as mulheres idosas, mas o impacto na qualidade de vida medido pelo FIQ foi maior entre aquelas que estavam na meia idade (50 a 59 anos). Houve prevalência de mulheres com baixa escolaridade, mas constatou-se que o impacto da fibromialgia foi mais significativo em mulheres com escolaridade maior. A presença da religiosidade foi bem marcada neste grupo de sujeitos.

Conclusão:

O trabalho de atenção básica sob a Estratégia de Saúde da Família requer uma adequada abordagem da pessoa com uma doença crônica tão peculiar como a fibromialgia. Essa abordagem deve ser estendida aos idosos, respeitando o que preconiza a política de humanização do SUS numa perspectiva de promoção da saúde.

Objective:

This study seeks to investigate the aging process of women affected by fibromyalgia, as well as its physical, personal, and social impacts.

Method:

Sixty-six (66) women participated who were diagnosed with fibromyalgia, aged from 30 to 68 years, living in Sao Paulo/SP. For qualitative research, a group of fifteen (15) out of the 66 women was selected at random: five (05) aged from 30 to 49 years; five (05) aged from 50 to 59 years; and five (05) aged 60 years and above. Individual, semi-structured interviews designed by the author were conducted, recorded, and later transcribed verbatim. The instrument sought to encourage the subjects to reflect in order to access social representations of pain, of the disease, and of aging with chronic pain. The methodology used for processing the qualitative research data was the Collective Subject Discourse technique.

Results:

Analysis indicated greater incidence of fibromyalgia among elderly women, but the impact on quality of life, as measured by the FIQ, was greater among the middleaged group (50 to 59 years). There was a greater prevalence of the disease among women with poor levels of formal learning, but it was found that the impact of fibromyalgia was more significant for women with higher education. The presence of religiosity was very significant in this group of subjects.

Conclusion:

Primary care provided by public health programs, such as "Estratégia de Saúde da Família" (Family Health Strategy), requires the proper approach to a person suffering from such a peculiar chronic illness as fibromyalgia. This approach should be extended to the elderly, in observation to the policies for humanization of healthcare services seeking to promote health.

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