DST j. bras. doenças sex. transm; 20 (3/4), 2008
Publication year: 2008
Introdução:
as crianças com aids por transmissão vertical transitam da infância para a adolescência, e pouco se sabe sobre como cuidam de si. Objetivo:
compreender as possibilidades de cuidado de si no cotidiano do adolescer com aids. Métodos:
foram depoentes: 11 adolescentes não institucionalizados, de 12 a 14 anos, que conheciam seu diagnóstico, atendidos em três HU/RJ. O projeto obteve aprovação de todos os CEP. Utilizou-se a entrevista fenomenológica e a análise hermenêutica heideggeriana. Resultados:
desde que acharam o "negócio no sangue" têm que tomar remédio todos os dias, várias vezes e sempre, e não sabem se um dia poderão parar. Com a descoberta de que possuem o "vírus", compreenderam que têm de cuidar da saúde para continuar vivendo, irem sozinhos às consultas hospitalares, fazerem exames e controlarem seu tratamento. Por conta da adolescência, precisam trocar de doutores quesão legais. Precisam tomar o remédio do modo certo para terem saúde, imunidade, e evitarem doenças ou coisas mais graves. Estão cansados do tamanho ruim dos comprimidos e da interferência no dia a dia. Alguns tomam os comprimidos sozinhos, mas fazer o tratamento é difícil, então precisam de ajuda de alguém. Alguns nunca pararam o tratamento, outros o fi zeram por orientação médica ou por conta própria. Justifi cam:
não aceitam o "problema". Sabem que a alimentação e os exercícios ajudam no tratamento. Conclusão:
a transmissão vertical do HIV determinou uma necessidade especial na sua saúde: a dependência da tecnologia medicamentosa. Essa facticidade envolve a criança em uma rede de cuidados profissional e familiar. Durante a infância, necessitam integralmente dos cuidados prestados pelos familiares e, na transição da infância para a adolescência, passam a compreender a necessidade decuidar de si, a partir de suas responsabilidades "com-sigo" e da ajuda familiar. Assim, as crianças revelam-se no movimento de ser-cuidado-por para sercuidado-com.
Introduction:
children with vertical transmission HIV/aids pass from childhood to adolescence and little is known about how they care about themselves. Objective:
understand the possibilities of the care for oneself in the daily life of adolescents with aids. Methods:
phenomenological interview was developed with 11 non-institutionalized 12-14 year-old-boys and girls with disclosed diagnosis from Brazilian teaching hospitals. The project was approved by the Ethics Review Committees. Heiddeger"s hermeneutic analyzes was applied. Results:
since that "thing in the blood" was found they have to take medication everyday, many times and ever. When they discovered about the "virus" , they understood that they had to take care of their health to continue alive, to go alone to consultation, to take medical exams and have control about their treatment. Due to adolescence they have to change doctors. They have to take medication in the right way to be healthy, to have biological immunity, and avoid diseases and "worst things". They get tired. The pills" size/fl avor isbad and interfere in their daily live. Some take medication alone, but following the treatment is hard, so they need help. Some never stopped the treatment, however, others did that due to medical orientation or because they did not accept the "problem". They know that nutrition and physical activities help the treatment. Conclusion:
aids determined a special need in their health: the medication technology dependency. The facticity involved them in a web care by professionals and relatives. During childhood, they needed family care integrally; and, in the transition from childhood to adolescence, they have to take care of themselves acquiring responsibilities with-themselves and being helped by relatives. Thus, children were revealed in the movement from beingcared- for to being-cared-with.