O presente artigo faz revisão crítica das duas principais abordagens empregadas em nutrição clínica para desvendar a relação entre dieta e doença. A abordagem tradicional analisa o papel de substâncias isoladas dos alimentos e tem sido responsável por importantes conquistas na prevenção e no tratamento de doenças carenciais. Contudo, esta estratégia negligencia a composição intrínseca dos alimentos e contribui cada vez menos para a prática clínica. Nas últimas décadas, a identificação de padrões alimentares associados ao risco de doenças crônicas evidenciou a importância do equilíbrio natural entre componentes conhecidos e ainda desconhecidos dos alimentos, bem como a gama infinita de possibilidades de ligação entre a dieta e a etiologia das doenças. Esses resultados revelaram os limites da abordagem tradicional e sugeriram que a relação entre dieta e doenças crônicas pode ser mais bem estudada pela abordagem da ?sinergia alimentar?, que foca nos efeitos dos alimentos e dos padrões alimentares. Mesmo que o efeito protetor esteja limitado a algumas substâncias críticas, é extremamente difícil identificar as substâncias envolvidas com algum grau de confiança e, ainda, mais improvável reconstruir a composição alimentar por processos artificiais a partir de substâncias isoladas. Na verdade, a oportunidade clama por ênfase maior nos estudos com alimentos e padrões alimentares para revelar a abrangência e a potencialidade da sinergia alimentar na solução das urgentes questões nutricionais do nosso tempo.