Os refugos do mundo: figuras do pária
The outcasts of the world: images of the pariahs

Estud. av; 24 (69), 2010
Publication year: 2010

Do século XVI ao século XVIII, o termo pária, cunhado por viajantes ocidentais, oficiais do império ou missionários para designar a degradação dos marginalizados na Índia, era corrente em círculos letrados portugueses, ingleses, franceses, alemães e holandeses. No discurso iluminista - e ao longo do século XIX -, o termo adquiriu um novo sentido, relacionado à conotação cada vez mais pejorativa de "casta". Assim, a metáfora do pária representa uma expressão idiomática de crítica à autoridade arbitrária e à exclusão social e política persistente. Graças à literatura, ao teatro e à opera, ela adentra os espaços públicos literário e plebeu europeus, dando nome às hierarquias modernas invisíveis e denunciando a construção desumanizadora do outro em um mundo que alega ter a universalidade dos direitos humanos como seu princípio fundador.
From the 16th to the 18th centuries, the term pariah, coined by Western travelers, imperial officials or missionaries to designate the abjection of the outcasts in India, circulated in Portuguese, English, French, German and Dutch literati circles. In the discourse of Enlightenment - and throughout the 19th century - it acquires a new meaning, related to the increasingly pejorative connotation of "caste". The metaphor of the "pariah" provides thus an idiom of the critique of arbitrary authority and the persisting social and political exclusion. Thanks to the literature, theater, and opera, it enters the European literary and plebeian public spaces, giving a name to the modern invisible hierarchies, and denouncing the dehumanizing construction of the other in a world claiming as its grounding principle the universality of human rights.

More related