Na avaliaçäo da transmissibilidade sexual dos herpes simples genital, foi estudada a prevalência de anticorpos específicos contra o herpes simples vírus do tipo 2 (HSV-2), em populaçöes de baixo e de alto risco para doenças sexualmente transmissíveis (DST). A populaçäo de baixo risco para a aquisiçäo das DST foi constituída por 155 doadores voluntários de sangue no HUCFF/UFRJ, entre fevereiro e junho de 1994. Todos foram submetidos a um questionário acerca dos fatores de risco para a aquisiçäo das DST e que traçou o perfil sócio-epidemiológico desta populaçäo. Os pacientes de alto risco para a aquisiçäo das DST incluíram 85 portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV), tendo como fatores de risco o homossexualismo, a promiscuidade heterossexual ou contato sexual com o parceiro soropositivo para o HIV. Foram avaliadas, sorologicamente, 20 prostitutas, entre maio e julho de 1994. O teste usado para a análise de todas as amostras de soro, provenientes dos pacientes, foi o ELISA convencional específico para a detecçäo de IgG anti-HSV-2. Para os doadores de sangue, a prevalência do HSV-2 foi de 53,8 por cento, superior à observada em países ocidentais desenvolvidos. Entre os pacientes HIV positivos, ela atingiu 73 por cento (p<0,01). Para todo o grupo de alto risco para a aquisiçäo das doenças sexualmente transmissíveis atingiu 72 por cento de prevalência (p<0,05, razäo de chance = 6,27). As variáveis que mais se associaram à soroprevalência do HSV-2 foram a multiplicidade de parceiros sexuais, relaçöes sexuais com portador de herpes genital, história prévia de abortos e de relaçöes homossexuais. Os nossos achados permitem sugerir a realizaçäo de estudos adicionais de soroprevalência em nosso meio, especialmente entre os pacientes HIV positivos. Os pacientes soropositivos para o HSV-2 devem ser orientados quanto aos mecanismos de transmissäo do vírus