GED gastroenterol. endosc. dig; 32 (4), 2013
Publication year: 2013
A hemorragia digestiva alta varicosa (HDAV) é a mais grave complicação da hipertensão portal, com alta taxa de ressangramento e mortalidade. Em Pernambuco, devido à endemicidade da esquistossomose mansônica, há uma elevada frequência deste tipo de sangramento.
Objetivos:
avaliar a doença hepática de base de pacientes portadores de varizes esofagogástricas (VVEEGG) com HDA, além do seguimento quanto à orientação após alta hospitalar da emergência, taxa de ressangramento e óbito em hospital de emergência. Pacientes e métodos:
trata-se de um estudo descritivo, tipo série de casos, em pacientes com VVEEGG atendidos no setor de endoscopia digestiva do Hospital da Restauração em Recife, referência no estado em hemorragia digestiva, de outubro de 2008 a outubro de 2009. Foram coletados dados sobre antecedentes pessoais, aspectos demográficos e clínicos e realizado exame endoscópico para avaliação do sítio de sangramento e propedêutica para controle da hemorragia se necessário. Resultados:
foram analisados 178 pacientes portadores de VVEEGG com HDA. A média de idade foi 53,9 anos, sendo 115 (64,6%) do sexo masculino. A faixa etária mais frequente foi de 50 a 59 anos (31,5%) e 67 (37,7%) eram naturais de Zona da Mata. Ao exame físico, 58 (32,6%) pacientes apresentavam ascite. Foi evidenciado que 177 pacientes tinham varizes esofágicas (VVEE) e 78 tinham varizes gástricas. Quanto aos exames solicitados para caracterizar a doença de base, evidenciou-se um valor médio de albumina de 2,8 g/dl, de bilirrubina total 2,2 mg/dl e de INR 1,4. A doença hepática crônica (DHC) foi definida pelo ultrassom (USG) em cirrose (38), esquistossomose (60) e doença mista (22). Após a alta hospitalar, 45/174 pacientes (25,9%) ficaram em uso de propranolol e 57/174 (32,8%) conseguiram acompanhamento em ambulatório especializado. Após 3 meses do episódio de HDA, foi constatado relato de ressangramento em 92/161 (57,1%) pacientes e óbito em 44/161 (27,3%). Houve relação de ressangramento com óbito (p<0,001), com presença de manchas vermelhas nas VVEE (p<0,001), diagnóstico de cirrose hepática e DHC mista pelo USG (p=0,023), presença de ascite (p=0,004) e a não utilização de propranolol (p=0,002). Observou-se a associação de óbito e faixa etária de 50 a 59 anos (p=0,016) e com aspecto hepático pelo USG (p=0,001), assim como da presença de fibrose periportal no USG com a naturalidade (p=0,031). Conclusão:
neste estudo, observou-se predomínio de pacientes do sexo masculino e naturais da Zona da Mata. A maioria dos pacientes apresentava fibrose periportal ao USG, mostrando a endemicidade da esquistossomose no estado e houve uma elevada frequência de ressangramento e óbito.
Background:
variceal upper gastrointestinal bleeding (VUGB) is the most serious complication of portal hypertension, with high rebleeding and mortality rates. In Pernambuco, where schistosomiasis mansoni is endemic, this type of bleeding occurs frequently. Aim:
to evaluate the etiology of esophageal variceal bleeding, as well as the rebleeding and death rates. The study also followed up the patients after hospital discharge, rebleeding and death rates of the patients admitted in an Emergency Hospital. Patients and methods:
this is a descriptive study about patients with gastric-esophageal varices and UGB assisted at the digestive endoscopy unit of Restauração hospital in Recife from October 2008 to October 2009. An application form was filled out with demographic data, personal history, clinical aspects and an endoscopy was performed to identify the area of the bleeding, as well as a propaedeutical endoscopy to control the bleeding, when necessary. Results:
178 patients with gastric esophageal varices and UGB were observed. The specific-age rate was 53.9 years old, with 115 (64.6%) males. The most frequent age group was from 50 to 59 years old (31.5%) and 67 (37.7%) were born from the Zona da Mata region. Physical examination revealed ascites in 58 (32.6%) patients. It was seen that 177 patients had esophageal and 78 gastric varices. The blood tests done after the endoscopy to identify the underlying disease showed approximately 2,8g/dl of albumin, total bilirrubin of 2.2mg/dl and INR 1.4. Hepatic chronic disease (HCD) was defined with an ultrasound in cirrhosis (38), schistosomiasis (60) and mixed disease (22). After hospital discharge, 45/174 patients (25.9%) were prescribed propranolol and 57/174 (32.8%) were granted ambulatory care. Three months after the UGB episode, 92/161 (57.1%) patients had rebleeding and 44/161 (27.3%) died. There was a connection between the rebleeding and the deaths (p<0.001), there was presence of red spots on the esophageal varices (p<0.001), diagnose of cirrhosis and mixed hepatic chronic disease by ultrasound (p=0.023), ascitis (p=0.004) and the absence of propranolol use (p=0.002). There was also a relation between death and age 50 to 59 years (p=0.016) and the hepatic aspect detected by ultrasound (p=0.001), as well the presence of periportal fibrosis in the USG with the birthplace (p=0.031). Conclusion:
in this study, it was possible to observe that there were predominance of male and patients from the Zona da Mata region. Most of the patients presented periportal fibrosis in the ultrasound, reflecting the high endemicity of schistosomiasis in the state and elevated rebleeding and death rates were observed.