GED gastroenterol. endosc. dig; 33 (4), 2014
Publication year: 2014
Introdução:
Os inibidores da bomba de prótons (IBPs) são considerados o maior avanço no tratamento de doenças gástricas. No entanto, atualmente têm sido utilizados, muitas vezes, de modo empírico (por prescrição ou automedicação). Objetivo:
O presente estudo teve por objetivo avaliar o perfil dos pacientes adultos que consultam na atenção primária e que fazem uso continuado de IBPs. Métodos:
O estudo foi retrospectivo, com delineamento transversal, de base populacional, analítico-descritivo, realizado no município de Água Doce, região meio-oeste de Santa Catarina. Possui 7.550 habitantes e conta com duas Estratégias Saúde da Família (ESF) que abrangem 100% do território do município e de sua população. A amostra para o estudo foi composta por todos os pacientes maiores de 18 anos que, no período de maio a agosto de 2013, obtiveram receita médica contendo um inibidor da bomba de prótons em caráter contínuo. Resultados:
Foram realizadas 1.321 consultas médicas nas quais 109 prescrições continham inibidor da bomba de prótons em caráter contínuo (8,25% da população atendida). As mulheres representaram 73,4% da amostra (n= 80). A faixa etária predominante foi a compreendida entre os 51 aos 70 anos (67,5%; n= 54). O inibidor de bomba prescrito em 108 pacientes foi o omeprazol. Destes, 71 pacientes já haviam realizado endoscopia, tendo 61,9% (n= 44) ocorrido num período de até 4 anos. Dentre aqueles que utilizavam irregular mente o IBP (n= 36), 75% o fazia quando apresentava sintomas (n= 25); 13,89% usava em dias alternados (n= 5) e 11,1% (n = 4) ingeria mais do que dois comprimidos ao dia no caso de os sintomas não cessarem com um comprimido. Aumentos posológicos realizados pelo paciente sem prescrição médica ocorreram em 27,52% (n= 30). Conclusões:
O presente estudo encontrou resultados alarmantes frente às irregularidades posológicas observadas. É preciso implantar estratégias para educação desta população, com o intuito de promover a desmedicalização precoce e evitar a banalização do uso de inibidores de bomba de prótons.
Introduction:
Proton pump inhibitors (PPIs) are considered the greatest advance in the treatment of gastric diseases. However, they currently have been used empirically (by prescription or self-medication). Objective:
The present study aimed to evaluate the profile of adult patients who consult in primary care and make continued use of PPIs. Methods:
It is a retrospective, cross-sectional, population-based, analytical- descriptive study performed in the municipality of Água Doce, middle west region of Santa Catarina state. It has 7.550 inhabitants and has two Family Health Strategy (FHS) covering 100 % of the municipality and its population. The sample consisted of all patients older than 18 years, in the period May-August 2013, whose obtained a continuous PPI prescription. Results:
1.321 medical consultations were conducted and 109 had a continuous PPI prescription (8.25% of population consulted). Women accounted for 73.4% of the sample (n= 80). The predominant age group was between 51 to 70 years (67.5%, n= 54). The PPI prescribed in 108 patients was omeprazole. Of these, 71 patients had undergone endoscopy, and 61.9 % (n= 44) were in the period of up to 4 years. Among those who improperly intaked the PPI (n = 36), 75% did so when presented with symptoms (n= 25), 13.89% used on alternate days (n= 5), 11.1% (n= 4) took it more than two tablets per day if symptoms are not stopped with one tablet. Dose increases made by the patient without prescription occurred in 27.52% (n= 30). Conclusions:
This study found alarming results, based on the dosing irregularities observed. There is a need to deploy strategies for education of this population, in order to promote early unmedicalization and avoid trivializing the use of proton pump inhibitors.