Melanose coli
Melanose coli
GED gastroenterol. endosc. dig; 33 (4), 2014
Publication year: 2014
Paciente do sexo feminino, de 60 anos, portadora de constipação intestinal crônica, com evolução desde a sua adolescência, tendo realizado tratamento com inúmeros laxantes. Recentemente teve piora do quadro intestinal, associado à presença de dor abdominal e, por vezes, secreção mucosanguinolenta acompanhando as evacuações, situações que motivaram a realização de uma colonoscopia, que evidenciou a presença de melanose cólica, com preservação da válvula ileocecal . O surgimento de Melanose coli é causado pelo acúmulo de lipofucsina, que é um pigmento acastanhado-enegrecido nos lissosomos dos macrófagos subepiteliais localizados na mucosa cólica. A intensidade da pigmentação não é uniforme, sendo mais intensa no ceco e no cólon proximal em comparação ao encontrado no cólon distal. Fato relacionado à maior concentração de substâncias agressivas presentes no cólon proximal, na absorção diferenciada ao longo da mucosa do cólon ou devido a diferenças na distribuição de macrófagos ao longo do cólon. A Melanose coli presente no cólon proximal, envolvendo a mucosa do ceco, apresenta um limite bem definido com a transição para a mucosa ileal. Frequentemente, a pigmentação pode estender-se através de todo o cólon, englobando o apêndice cecal e mais raramente a região de transição íleo-cecal. Está condição é frequentemente encontrada durante a investigação endoscópica da constipação intestinal crônica, principalmente quando ocorre a associação com o uso crônico de catárticos à base de antraquinona, como a cascara sagrada, senne, aloés e ruibarbo. A característica marcante na colonoscopia é a coloração da mucosa que varia de um tom acinzentado até completamente preto, que pode ser visualizado em aglomerados de manchas ou em faixas. Nota-se ainda uma nítida demarcação na válvula ileocecal, com a preservação da coloração do intestino delgado e o comprometimento da mucosa cólica. O tratamento da Melanose coli não está bem definido sendo, entretanto, recomendado a suspensão do uso de catárticos. Após a interrupção do laxante à base de antraquinona, a coloração enegrecida da mucosa desaparece gradualmente em vários meses.