Doença perinatal associada aos estreptococos do Grupo B: aspectos clínico-microbiológicos e prevenção
Perinatal Group B streptococcal disease: clinical-microbiological aspects and prevention
HU rev; 34 (2), 2008
Publication year: 2008
Os cocos Gram-positivos Streptococcus agalactiae ou estreptococos do Grupo B de Lance (EGB) são bactérias que fazem parte da microbiota residente nas membranas mucosas de seres humanos, colonizando principalmente os tratos gastrintestinal e geniturinário. Sua importância é relacionada à contaminação vertical dos neonatos de parturientes colonizadas, que pode acontecer de forma ascendente ainda no útero ou durante o parto. Mundialmente, a prevalência da colonização pelos EGB nas gestantes varia de 3% a 41%. Entre as infecções neonatais associadas a estes microrganismos destacam-se, principalmente, a septicemia e a pneumonia e, em menor freqüência, meningite, celulite, osteomielite e artrite séptica. Em 1996, foi publicado o primeiro guia preventivo da doença estreptocócica perinatal, estabelecendo as diretrizes e critérios para a prevenção da transmissão vertical destes agentes. Em 2002, foi estabelecido o uso da profilaxia antimicrobiana intraparto e a investigação rotineira da colonização pelo S. agalactiae no final da gestação, através de cultura de material vaginal e retal em meio seletivo. Nos países que adotaram estas medidas profiláticas, registrou-se um decréscimo significativo na incidência da doença. No Brasil, a mortalidade neonatal é um grave problema de saúde pública e ainda não foram adotadas estratégias de prevenção e tratamento para reduzir a prevalência de infecção neonatal pelo EGB. Considerando o custo elevado e as graves conseqüências da doença estreptocócica perinatal, verifica-se a necessidade de elaboração de políticas de saúde, visando reduzir a transmissão vertical. Assim, percebe-se a necessidade de atualização literária, englobando aspectos microbiológicos e preventivos da doença estreptocócica perinatal, visando, sobretudo, a uma abordagem que facilite o entendimento e a aplicabilidade deste conhecimento dentro do cenário nacional.
Lance group B streptococci (GBS, or Streptococcus agalactiae) are Gram-positive bacterial components of the resident microbiota of human mucous membranes, mainly colonizing the gut and the urogenital tract. Vertical perinatal transmission of colonized women is known to occur as both, intrauterine infection or through contamination during labor. The worldwide prevalence of GBS-colonized pregnant women ranges from 3% to 41%. Neonatal infection may lead mainly to sepsis and pneumonia, with less frequent occurrences of meningitis, celullitis, osteomyelitis and septic arthritis. The first guidelines for prevention of the vertical transmission of perinatal streptococcal disease were issued in 1996. Routine investigation of the S. agalactiae colonization status, through selective medium culture of vaginal and rectal secretions at the term of pregnancy, and intrapartum antimicrobial prophylaxis, were established in 2002. A significant decrease in the incidence of perinatal infection was seen in the countries that adopted the prophylactic measures. Although neonatal mortality in Brazil is a serious public health issue, no preventive or treatment strategies targeting GBS-neonatal infection have been adopted. Due to the high costs and serious consequences of perinatal streptococcal disease, health policies aiming at reducing vertical transmission are clearly called for. In this regard, literary updates are needed, specially considering microbiology and prevention of GBS-neonatal infection, to give clearly understandable and applicable supportive arguments, in the national scenery.