Assistência social pública brasileira: uma política da autonomia, um dispositivo biopolítico
Public brazilian social service: a policy of autonomy - a biopolitical device
Asistencia social pública brasileña: una política de la autonomía – un pispositivo biopolítico
Assistance sociale publique brésilienne: une politique de l’autonomie – un dispositif biopolitique

Rev. Subj. (Impr.); 15 (3), 2015
Publication year: 2015

O objetivo do presente artigo é evidenciar o caráter biopolítico da Política Nacional de Assistência Social/Sistema Único de Assistência Social (PNAS/SUAS), considerando a perspectiva de Michel Foucault sobre o exercício de poder acerca dos fenômenos da população, tais como natalidade, saúde, higiene, escolaridade etc. Assim, a PNAS/SUAS é analisada enquanto dispositivo, como uma configuração formada por discursos, leis, práticas, instituições, tecnologias e normas, com a função de promover a autonomia como condição de cidadania, atuando sobre os hábitos, condutas e vínculos familiares e comunitários dos indivíduos e famílias em situações de riscos e vulnerabilidades sociais. Aborda-se textos, pesquisas, orientações e dados referentes às ações, práticas e procedimentos técnicos operados pela Assistência, destacando-se inicialmente a mudança do estatuto ético e político do usuário do PNAS/SUAS, de indigente para sujeito de direito. Em seguida, se evidencia a promoção da autonomia como função estratégica do dispositivo assistencial, bem como a operacionalidade, através da qual os modos de vida dos indivíduos são redimensionados. A relevância e a contribuição desta pesquisa se apoia na aplicação do olhar foucaultiano sobre a PNAS/SUAS, tomando-a como objeto de uma análise genealógica da autonomia do sujeito. Conclui-se que a PNAS/SUAS, antes de ser uma política de emancipação do sujeito, pela instauração das condições de cidadania, é um dispositivo biopolítico de normalização das condutas dos indivíduos em observância ao imperativo da autonomia.
The purpose of this article is to show the biopolitical character of the National Policy for Social Assistance / Unified System of Social Assistance (PNAS / SUAS), considering the perspective of Michel Foucault on the power exercise on population phenomena such as birth, health , health, education etc.. Thus, PNAS / SUAS is analyzed as a device, like a configuration formed by speeches, laws, practices, institutions, technologies and standards, with the function of promoting the autonomy as a condition of citizenship, acting on the habits, behaviors and family and community ties of individuals and families at risk and social vulnerability. Texts, research, guidelines and data relating to the actions, practices and technical procedures operated by assistance are addressed, highlighting initially the change the ethical and political statute of the PNAS / SUAS user, from pauper to subject of rights. Then it became clear the promotion of autonomy as a strategic function of the assistance device, as well as the operationality by which the lifestyles of individuals are resized. The relevance and contribution of this research is based on the application of Foucault’s look on the PNAS / SUAS, taking it as the object of a genealogical analysis of individual autonomy. We conclude that the PNAS / SUAS, before being an emancipation policy of the subject, by the introduction of citizenship conditions, is a biopolitical device standards of conduct of individuals in compliance with the imperative of autonomy.
El objetivo del presente artículo es evidenciar el carácter biopolítico de la Política Nacional de Asistencia Social/Sistema único de Asistencia Social (PNAS/SUAS), considerando la perspectiva de Michel Foucault sobre el ejercicio de poder acerca de los fenómenos de la población, tales como natalidad, salud, higiene, escolaridad etc. Así, la PNAS/SUAS es evaluada mientras dispositivo, como una configuración formada por discursos, leyes, prácticas, instituciones, tecnologías y normas, con función de promover la autonomía como condición de la ciudadanía, actuando sobre los hábitos, conductas y vínculos familiares y comunitarios de los individuos y familias en situación de riesgo y vulnerabilidad social. Se utilizaron textos, investigaciones, orientaciones y datos referentes a las acciones, prácticas y procedimientos técnicos operados por la Asistencia, resaltando inicialmente el cambio del estatuto ético y político del usuario del PNAS/SUAS, de indigente para sujeto de derecho. A continuación, se evidenció la promoción de la autonomía como función estratégica del dispositivo asistencial, así como la operacionalidad, por lo cual los modos de vida de los individuos son reajustados. La relevancia y la contribución de esta investigación se basan en la aplicación de la mirada foucaultiana acerca de la PNAS/SUAS, tomándola como objeto de un análisis genealógico de la autonomía del sujeto. Se concluye que la PNAS/SUAS, antes de ser una política de emancipación del sujeto, por la implementación de las condiciones de ciudadanía, es un dispositivo biopolítico de normalización de las conductas de los individuos en observancia al imperativo de la autonomía.
L’objectif de cet article est évidencier le caractère biopolitique de la Politique Nationale d’Assistance Sociale/ Sistème Unique d’Assistance Sociale (PNAS/SUAS) en considérant la perspective de Michel Foucault à propos de l’exercice de pouvoir sur les phénomènes de la population, comme natalité, santé, higiène, scolarité etc. Ainsi, la PNAS/SUAS est analysée tandis q’un dispositif, comme une configuration formée par des discours, des lois, des pratiques, des institutions, des technologies et normes, à la fonction de causer l’autonomie comme condition de citoyenneté en influençant les habitudes, les conductes et les liens familiers et communautaires des individus et familles à la situation de risque et vulnérabilité sociale. On a abordé des textes, des recherches, des orientations et des données référentes aux actions, pratiques et procédures techniques réalisées par l’Assistance, en se détachant d’abord le changement du statut éthique et politique de l’utilisateur de la PNAS/SUAS, de l’indigent au sujet de droit. Ensuite, on a souligné la promotion de l’autonomie comme fonction stratégique du dispositif d’assistance et aussi l’opérabilité par laquelle les modes de vie des individus sont redimensionés. L’importance et la contibution de cette recherche se fait par l’aplication du regard foucaultien sur la PNAS/SUAS, em la prenant comme objet d’une analyse généalogique de l’autonomie du sujet. On conclut que la PNAS/SUAS, avant d’être une politique d’émancipation du sujet, par l’instauration des conditions de citoyenneté, est un dispositif biopolitique de normalisation des conduites des individus qui sont à l’observance de l’impératif de l’autonomie.

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