Mudanças dos padröes clínicos e anatomopatológicos da leptosprose na cidade do Rio de Janeiro e Grande Rio
Changes of the clinical and anatomopathological standards of leptospirosis in Rio de Janeiro city

J. bras. med; 64 (4), 1993
Publication year: 1993

A leptospirose humana, antes uma patologia rara na cidade do Rio de Janeiro e Grande Rio, passou a ser progressivamente registrada a partir da década de 1960. Entre 1966 e 1969, quando ocorreram os primeiros surtos epidêmicos regionais, sempre coincidentes com inundaçöes após temporais de veräo, tornou-se mais uma importante endemia em toda essa área. Com surtos epidêmicos maiores ou menores, estabilizou-se como doença endêmica regional, graças ao notável aumento de populaçöes faveladas e à expansäo das cidades para a periferia sem nenhum planejamento urbano, aliados à absoluta falta de controle dos reservatórios. Os clássicos padröes da doença, mantidos até cerca de 1980, passaram a modificar-se, primeiramente em Niterói (endemias mais elevada?) e depois no Rio de Janeiro e adjacências, a partir dos meses subseqüentes à maior epidemia da regiäo (fevereiro/março de 1988), resultante de prolongadas inundaçöes causadas por chuvas torrenciais, com 1.117 casos internados. Esses novos casos, na quase totalidade provenientes das áreas mais alagadas, surgiram com exteriorizaçöes clinicas diferentes, caracterizadas por hemoptises maciças asfixiantes, insuficiência respiratória aguda e síndrome de angústia respiratória do adulto (SARA). Todas estas manifestaçöes têm instalaçäo precoce e constituem-se nas mais importantes causas de morte na leptospirose em nosso meio, configurando aspecto inteiramente desconhecido em nossa prévia experiência clínica. Os critérios de gravidade da doença tiveram que ser revistos e os padröes clínicos e anatomopatológicos definiram-se como novos na regiäo. A origem de tais transformaçöes está provavelmente vinculada a fenômenos imunológicos. Os autores fazem uma ampla revisäo das alteraçöes respiratórias na leptospirose e apresentam alguns exemplos clínicos vistos mais recentemente.

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