Tabagismo passivo e asma na infância
Passive smoking and asthma in childhood

J. bras. med; 71 (4), 1996
Publication year: 1996

Diversos säo os autores que correlacionam o tabagismo passivo com sintomas respiratórios em crianças, bem como patologias como rinite, otite e asma. O nosso trabalho tem por objetivo verificar o grau de conscientizaçäo dos pais de que o fumo é prejudicial a quem tem asma, principalmente se houve ou näo mudança no hábito de fumar, e o papel do médico nesse processo. Além disso, procuramos correlacionar o perfil da asma das crianças com o tabagismo dos pais. Para tal, foram estudadas 129 crianças, maiores de dois anos, portadoras de asma, que compareceram ao Ambulatório de Alergia Infantil do Hospital Säo Paulo, filhos de pais fumantes ou ex-fumantes, através de questionários dirigidos aos pais. Para análise dos dados coletados usamos os testes do qui-quadrado, Mann-Whitney, Kruskal-Wallis e G de Cochran. Observamos que 93 pais (72,1 por cento) eram fumantes e desses, 70 (75,2 por cento) já haviam sido orientados a parar de fumar. Já os ex-fumantes perfaziam um total de 36 pais (27,9 por cento) e destes, 14 (38,9 por cento) pararam de fumar pela saúde da família. O fato de o filho ter asma influenciou a decisäo de 16 pais (44,4 por cento). Tanto no grupo de fumantes quanto de ex-fumantes, a maioria acha que o filho tem doença grave e sabe que o fumo é prejudicial à saúde deste (96,1 por cento). A percentagem de informaçoes dadas pelo médico foi significantemente maior do que as fornecidas pela televisäo, amigos, família ou outros. Dos pais informados, porém, apenas 27,2 por cento pararam de fumar e 45,1 por cento fumam longe da criança. Quanto ao perfil da asma, 40,3 por cento das crianças eram portadoras de asma leve, 21,0 por cento de asma moderada e 38,7 por cento de asma grave. Näo houve diferença significante entre o número de crises por ano, número de faltas à escola e, conseqüentemente, gravidade de asma entre filhos de fumantes e ex-fumantes. Já quanto às internaçäes por ano,os resultados sugerem um maior número em filhos de fumantes. Pudemos concluir que, embora a grande maioria tenha conhecimento dos malefícios causados pelo fumo às crianças asmáticas, principalmente através da informaçäo do médico, isso tem surtido efeito em poucos. Além disso, parece näo haver diferente no perfil da asma de filhos de pais fumantes e ex-fumantes, embora julguemos necessário um estudo mais minucioso do assunto, inclusive acrescentando o grupo de pais näo-fumantes.

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