O trabalho estuda a ocorrência de insuficiência renal aguda (IRA) no lúpus eritematoso sistêmico (LES). Procura classificar as condições determinantes da IRA com vista ao tratamento. Focaliza a IRA numa série de 136 pacientes, na qual 51 (37 por cento) a desenvolveram no curso da observação clínica.

Dois grupos puderam ser identificados:

grupo 1 - 33 pacientes com IRA provocada por lesões, glomerulares, interticiais e vasculares, exacerbadas; entre estes, 18 com nefrite crescêntica (> 50 por cento dos glomérulos); grupo 2 - 18 pacientes com IRA provocada por diversas condições incidentais, em indivíduos que já sobriam nefropatia pela doença. A sepse prevaleceu como a causa mortis nos dois grupos. A mortalidade foi superior (77,7 por cento) no segundo grupo, e menos freqüente (18,1 por cento) no primeiro. O LES estabelece um campo propício para a vigência de episódios de IRA. Torna-se mandatório identificar a ocorrência de infecções, para tratá-las de imediato. Igualmente, é imperativo reconhecer a ocorrência de lesões renais intrínsecas graves, pela biópsia renal, para aplicar tempestivamente o tratamento que, na série, promoveu a recuperação da função renal em 66 por cento dos casos. A nefrite crescêntica deve ser identificada como uma forma particularmente grave da nefrite classe IV (OMS), para merecer tratamento intensivo imediato