Rev. APS; 19 (1), 2016
Publication year: 2016
Introdução:
O número de Equipes Multidisciplinares de Assistência Domiciliar (EMAD) de cada município é delimitado por critérios de cobertura populacional por áreas de abrangência (uma equipe por 100 mil habitantes).No entanto, para se realizar o processo de territorização desses serviços, é importante que se leve em consideração os aspectos socioeconômicos e demográficos da população, além da presença de condições adequadas de saneamento básico nos domicílios, como o abastecimento de água, energia elétrica, meio de comunicação acessível, coleta do lixo e rede de esgoto. Objetivo:
Propor uma delimitação para as áreas de abrangência de EMAD com base nas condições de saneamento e moradia, nas características socioeconômicas, demográficas e de acesso aos Serviços de Atenção Domiciliar (SAD) pela população idosa em Juiz de Fora (MG). Metodologia:
Foram utilizados os microdados do censo demográfico de 2010, da população idosa de Juiz de Fora (MG) e da cobertura de serviços de saúde pelo município. Foram consideradas as variáveis referentes às condições de saneamento e moradia exigidas pelo arcabouço legal. Por meio da soma dessas variáveis, foi criada uma variável dicotômica que indicava se o domicílio atendia ou não às exigências mínimas para implantação do SAD. Resultados:
As áreas de abrangência de cada uma das cinco EMAD foram representadas por meio de geo- processamento dos dados. As cinco divisões territoriais apresentaram diferentes características populacionais, no que se refere à proporção de idosos, cor, sexo, renda, nível de instrução,condições domiciliares e cobertura por serviços de saúde. Os grupos sociais que residiam mais distante dos serviços hospitalares apresentaram piores condições socioeconômicas e apresentaram as maiores porcentagens de domicílios inadequados para a implantação de um SAD. Conclusões:
O processo de territorização das EMAD realizado, a partir do critério legal de número de habitantes, refletiu as desigualdades nas condições populacionais do município, o que demonstra que as desigualdades de acesso aos SAD têm associação com o território. Dessa forma, para que a Assistência domiciliar (AD) seja inserida efetivamente no contexto público de saúde, deve- se primar pela intersetorialidade no planejamento desses serviços, com a finalidade de oferecer um atendimento integral e universal pelo SUS.
Introduction:
The number of Multidisciplinary Teams in Home Care (EMAD, acronym in Portuguese) of each city is defined by population coverage criteria per coverage area (one team per 100 thousand inhabitants). However, in order to carry out the process of territorializing such services, it is important to take into consideration the demographic and socioeconomic aspects of the population, as well as the presence of adequate basic sanitation conditions in the homes, such as water supply, electricity, and accessible means of communication, garbage collection, and connection to the sewage system. Objective:
To propose a delimitation of the EMAD coverage areas based on sanitation and housing conditions, as well as on socio-economic and demographic characteristics, and on access to Home Care Services (SAD, acronym in Portuguese), available to the elderly population of Juiz de Fora (MG). Methodology:
We used microdata from the 2010 demographic census of the elderly population of Juiz de Fora (MG) and from the health services coverage by the city. We considered the variables related to the sanitation and housing conditions demanded by the legal framework. Through the combination of such variables, we created a dichotomous variable that indicated whether a dwelling did or did not meet the minimum requirements for the implementation of SAD. Results:
The coverage areas of each of the five EMADs were represented through geoprocessing of the data. The five territorial divisions presented different population characteristics with respect to proportion of elderly people, skin color, gender, income, education level, housing conditions, and health services coverage. The social groups that resided farther from the hospital services presented poorer socio-economic conditions, as well as higher percentages of dwellings unfit for the implementation of SAD. Conclusions:
The process of territorializing the EMADs, based on the legal criterion of number of inhabitants, reflected the inequalities in the conditions of the city's population, which shows that inequalities in access to SAD are associated with territory. Thus, for the Home Care process to be effectively included in the public health context, it should be focused on intersectoriality in the planning of such services, aiming to offer integrated universal care by the SUS (the Brazilian publicly funded health care system).